Já foste apanhado pelo IRS Jovem? Esta medida renovada do Governo português quer manter os jovens em Portugal com uma isenção parcial de IRS que, à primeira vista, promete melhorar a vida de quem está a começar a sua carreira. Mas será que este incentivo fiscal é mesmo o suficiente para segurar uma geração que parece determinada a emigrar? Tal como qualquer bom clickbait, o IRS Jovem desperta o interesse inicial, mas esconde algumas surpresas e letras miudinhas que talvez não sejam tão atraentes quanto parecem.

Então, vamos lá! Vamos explorar este presente fiscal e ver se ele vale a pena. Como aqueles anúncios que te dizem “Não vais acreditar no que aconteceu a seguir…”, esta medida governamental tem alguns truques debaixo da manga e várias condições que vais querer ler com atenção antes de embarcar nesta promessa de estabilidade.

A Oferta: “Clica Aqui Para Ficares Rico em Portugal!”
Parece quase bom demais para ser verdade: se tens entre 18 e 35 anos e acabaste recentemente um ciclo de estudos, podes usufruir de uma isenção de IRS que começa nos 100% no primeiro ano de rendimentos. É quase como se o Governo estivesse a dizer: “Vem, jovem, fica por cá, e prometemos que, pelo menos durante um ano, não te vamos taxar!” Claro, soa tentador, especialmente para quem está a iniciar a vida profissional e quer guardar o máximo de rendimento possível.

Mas tal como nas campanhas de “ganha muito sem esforço”, também esta oferta tem prazo de validade. No segundo ano, a isenção cai para 75%, entre o quinto e o sétimo ano desce para 50%, e nos três últimos anos deste “benefício” (do oitavo ao décimo) já só vais usufruir de uma redução de 25%. Ou seja, ao fim de um tempo, aquilo que parecia ser um benefício generoso torna-se mais um “desconto simbólico” num cenário de custos de vida elevados. É como se, de repente, a isenção se transformasse num daqueles brindes de fast food – saboroso ao início, mas depois desmancha-se.

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A Técnica do Clickbait: “Este Benefício Fiscal Tem Algo Que Ninguém Te Disse!”
Tal como qualquer clickbait eficaz, o IRS Jovem tenta capturar a atenção dos jovens com uma promessa de um “segredo exclusivo”. É uma oferta tentadora e que cria aquela sensação de urgência: “Aproveita agora, ou vais perder esta oportunidade única!” No entanto, tal como num anúncio sensacionalista, a verdade só aparece quando lês as letrinhas pequenas.

Primeiro, esta isenção só é válida para quem tiver a situação fiscal regularizada – algo que deveria ser uma obrigação para todos, mas que é sublinhado aqui como se fosse uma “condição especial”. Além disso, só se aplica a quem tem rendimentos exclusivamente nas categorias A e B. Se trabalhares como profissional independente, investires na bolsa ou obrigações, esquece, porque esta promoção não é para ti. É como aquelas ofertas de descontos que só funcionam para “novos clientes” e deixam os outros a olhar com desdém.

Phishing Emocional” para Fixar Jovens (Mas Só Até aos 35)
Outra tática interessante que o IRS Jovem adota é o que podemos chamar de “phishing emocional”. Como num e-mail de phishing que promete um prémio tentador, o Governo aqui oferece um “alívio fiscal” que soa bem e toca nas necessidades de estabilidade e segurança dos jovens adultos. Ao dar uma folga no IRS, a ideia é que fiques mais inclinado a ficar, a trabalhar cá, e a contribuir para o sistema económico nacional. “Fica por cá, jovem, isto não é tão mau assim!” – quase podemos imaginar o Governo a dizer, com um sorriso largo e tentador.

Mas aqui está a ironia: este benefício fiscal desaparece aos 35 anos, exatamente quando a maioria das pessoas já se estabeleceu, tem responsabilidades financeiras mais sérias e menos liberdade para fazer uma mudança radical, como emigrar. Portanto, a promessa de um desconto que te “retém” em Portugal é anulada no momento em que tens menos mobilidade para fazer as malas e procurar uma vida melhor noutro país. Aos 35 anos, com uma casa, filhos ou outras responsabilidades financeiras, a ideia de emigrar já parece menos viável – ou, no mínimo, um projeto muito mais complicado.

A Pergunta de Ouro: É Mesmo Um Bom Negócio?
Com esta oferta, fica a questão: será que este clickbait fiscal é mesmo a solução para reter jovens em Portugal? E será que realmente compensa, mesmo com uma isenção de IRS parcial? Quando comparamos o custo de vida em Portugal com o resto da Europa, e as oportunidades de carreira com salários mais competitivos lá fora, a resposta é complexa.

Mesmo com isenção parcial de IRS, a diferença salarial entre Portugal e outros países europeus é significativa. Em vez de poupares no IRS, muitos jovens preferem ganhar o dobro ou o triplo noutro país onde, mesmo pagando impostos, conseguem ter um rendimento disponível muito maior. Em vez de te contentares com um alívio temporário, podes muito bem optar por fazer as malas e ir ganhar um salário europeu.

Cuidado Com o Isco (e as Letras Miudinhas)
Assim, o IRS Jovem é mais uma tentativa de clickbait do que uma verdadeira solução para manter os jovens em Portugal. É uma medida que, à superfície, parece promissora, mas que esconde várias condições e um prazo de validade que acaba por tornar-se um fardo. Aos 35, quando o benefício expira, os jovens ficam presos num sistema de impostos elevado, num país onde as oportunidades de progressão na carreira nem sempre acompanham as ambições.

Então, vale mesmo a pena cair neste isco? Para alguns, pode ser uma ajuda temporária e, em certos casos, suficiente para convencer a ficar. Mas, para muitos outros, esta medida não faz o suficiente para competir com os atrativos de uma carreira internacional. No fim, o IRS Jovem pode ser umclickbaiteficaz – mas, tal como os melhores anúncios enganosos, deixa um gostinho amargo e uma vontade de clicar “sair”.

Assim, se fores um jovem entre os 18 e os 35 anos, antes de te deixares encantar por esta tentadora isenção fiscal, respira fundo e pensa duas vezes. Porque, tal como qualquer isca brilhante de clickbait, aquilo que parece um bilhete dourado revela-se uma ilusão perecível, como um iogurte no supermercado com o prazo a expirar. No final, enquanto o Governo cruza os dedos para que fiques, tu podes já estar a planear o próximo bilhete só de ida. Afinal, há muito mais para além dos “100% de desconto no primeiro ano” – e esse algo é uma vida onde não precisas de um truque fiscal para viver bem.