No Dia Mundial do Linfoma, que se assinala a 15 de setembro, é muito importante lembrar que o seu diagnóstico, numa fase inicial, ainda localizada, pode fazer a diferença, conseguindo-se uma maior hipótese de cura do que quando detetado numa fase mais avançada da doença. Ao contrário de alguns tumores, não existem programas de rastreio para linfomas. Apenas são realizados exames caso exista a suspeita clínica da doença. É, por isso, fundamental a consulta atempada de um médico para confirmar possíveis alterações e desencadear o estudo subsequente o mais precocemente possível.

Ultimamente, o receio da infeção pela Covid-19 tem levado ao adiamento de consultas, com os consequentes atrasos no diagnóstico destas doenças. É importante tranquilizar as pessoas. Os hospitais reorganizaram os seus procedimentos e instituíram medidas no combate à pandemia, o que faz com que o risco de contrair infeção num hospital seja hoje muito reduzido, não justificando o adiamento da visita no caso de suspeita de uma doença.

O linfoma é um tumor maligno do sistema linfático, resultando de uma transformação maligna dos linfócitos (um tipo de glóbulos brancos responsáveis pela defesa do organismo), embora o mecanismo responsável por essa alteração seja, na maioria dos casos, desconhecido. A maioria dos linfomas cresce nos gânglios, no entanto, uma vez que existem linfócitos noutros órgãos, os linfomas podem atacar qualquer órgão.

Existem muitos tipos de linfoma. Em termos gerais, podem ser classificados como sendo do tipo “não Hodgkin” e “Hodgkin”. Os “não Hodgkin” são os mais frequentes – em Portugal são diagnosticados cerca de dois mil novos casos por ano – e atingem mais os doentes de idade avançada. Já os linfomas de Hodgkin são mais raros – no nosso país são diagnosticados cerca de 400 novos casos por ano – e são mais frequentes nos adultos jovens.

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É essencial estar alerta para os sintomas desta patologia, que são muito variados e comuns a outras doenças. O mais frequente é o aparecimento de um tumor de tamanho variável nos locais onde existem gânglios (pescoço, axilas, virilha, etc). Estes tumores podem aparecer de forma isolada ou estarem acompanhados por sintomas, nomeadamente febre, transpiração durante a noite, perda de apetite, emagrecimento, fadiga, prurido, dores, tosse, etc.

Perante a suspeita clínica, por exemplo, na presença de aumento do tamanho de um ou mais gânglios, associado ou não à presença de outros sintomas, será necessário realizar uma biópsia (recolha de parte do gânglio), através de uma pequena intervenção cirúrgica ou através de uma agulha. A amostra será enviada para o laboratório, que irá ou não confirmar o diagnóstico e determinar o tipo de linfoma. Após a confirmação, será necessário realizar outros exames, como, por exemplo, a tomografia computorizada, para avaliar a extensão da doença (estadiamento) e perceber se outros gânglios ou órgãos também estão envolvidos.

Ao contrário da maioria dos tumores, onde a cirurgia tem um papel relevante no tratamento, nos linfomas, o papel da cirurgia é muito limitado ao diagnóstico. O tratamento curativo dos linfomas depende de quimioterapia em combinação com imunoterapia e, nas formas mais localizadas, com radioterapia. O número de ciclos pode variar consoante o estadiamento. Nas formas mais localizadas fazem-se menos ciclos e associa-se a radioterapia. Nas formas mais avançadas fazem-se mais ciclos e omite-se a radioterapia.

Entre os diferentes subtipos, o linfoma de Hodgkin, especialmente nos jovens, é o que apresenta maior probabilidade de cura. Os linfomas podem ter vários subtipos e cada um pode ter diferente gravidade, pelo que não devem os doentes comparar a gravidade entre si, não conhecendo em detalhe o subtipo, a localização ou a extensão da doença de cada um.

O mais indicado é consultar o seu médico que irá esclarecer todas as suas dúvidas e estabelecer o tratamento mais adequado a cada caso. Lembre-se sempre que os linfomas são doenças curáveis, embora a probabilidade de cura seja diferente consoante os tipos de linfoma e os diferentes estádios em que se encontram. Quanto mais localizado e mais cedo for detetado, maior será a probabilidade de cura.