No início do século XIX a expectativa de vida na Europa Ocidental era de 33 anos. No final do século XX esta expectativa atingiu os 77 anos. Se pensarmos que em 1901 nem os fertilizantes nem a penicilina tinham sido descobertos, começamos a entender o porquê deste desenvolvimento impressionante. Analogamente, no seguimento dos novos e significativos avanços tecnológicos que serão introduzidos nas próximas décadas, espera-se por um novo salto na esperança média de vida: alguns autores arriscam uma expectativa de 130 anos para o final do século XXI.
Atualmente, assistimos a uma discussão intensa e necessária sobre diversidade e inclusão nas mais diferentes esferas da sociedade. Entretanto, os jovens continuam a ser privilegiados face a outras gerações, mais ou menos como se ainda estivéssemos no início do século XIX. A juventude pode estar pronta para herdar o futuro, mas o envelhecimento da população é que o definirá.
Uma população que vive mais e melhor vai desenvolver novas necessidades e hábitos e com isto criar novos nichos no mercado que até hoje eram inimagináveis. Será necessária, para não dizer desejada, uma variedade maior de serviços e produtos. Além das indústrias mais óbvias, como o turismo, habitação e saúde, o entretenimento, assistentes inteligentes, e-commerce, sistemas de telepresença e de realidade aumentada são segmentos do mercado com potencial para acrescentar dezenas de milhares de milhões de euros anuais à economia mundial.
Em 2015, os americanos com 50 anos ou mais geraram quase oito biliões de dólares em atividades económicas. O Boston Consulting Group projeta que, em 2030, a população com mais de 55 anos nos Estados Unidos da América representará metade de todo o crescimento dos gastos do consumidor doméstico desde a crise financeira global. O número sobe para 67 por cento no Japão e 86 por cento na Alemanha.
Números incríveis no consumo, mas que também terão impacto na cadeia produtiva. Com os avanços da medicina as pessoas sentem-se cada vez mais dispostas a trabalhar mais. Algumas empresas alemãs estão a usar os avanços tecnológicos para acomodar trabalhadores idosos, mantendo-os ativos.
O aumento da longevidade pode tornar-se num fardo ou numa oportunidade dependendo de quanto as sociedades se irão preparar para os desafios do envelhecimento da população, através da identificação e maximização dos seus benefícios.
*Gui Rios é sócio fundador da SA365, agência do grupo Elife
Este texto insere-se na série de artigos de opinião denominada “Stranger Topics – Tendências para a década de 2020”, desenvolvida pela Elife – empresa pioneira em inteligência de mercado e gestão de relacionamento nas redes sociais. Cada texto é relativo a uma de oito tendências digitais que a empresa definiu, com base numa perspetiva otimista para a próxima década.