A sociedade diz-nos constantemente para sermos mais saudáveis, mais populares, mais ricos, mais produtivos, mais sexys. Cria em nós expectativas positivas irrealistas, que mexem com as nossas ambições tanto a nível pessoal como profissional.

Quando falamos de emprego, gostamos de acreditar que o nosso trabalho vai, de alguma forma, ter um impacto tremendamente construtivo na sociedade ou mesmo contribuir para salvar o planeta. Mas será sempre possível, considerando que existem cerca de 3 mil milhões de pessoas empregadas no mundo?

É impossível indicar um número exato de tipos de empregos existentes, uma vez que o mercado de trabalho está em constante evolução e todos os dias surgem novas funções. No entanto, há certamente profissões que não gostaríamos de ter e outras em que gostamos de nos imaginar. Gostaria de ser cantoneiro? Provavelmente nunca pensou nisso. Tem algum mal ser cantoneiro? Não. Precisamos de cantoneiros na nossa sociedade? Sim. E quem nunca pensou ser astronauta, mesmo que por breves instantes?

Por outro lado, a ideia que temos hoje em dia sobre os empregos e o seu estatuto não são estanques e o mais certo é que mudem radicalmente já na próxima década. De acordo com dados de 2023 do Fórum Económico Mundial, 23% dos empregos do mundo serão diferentes já em 2027. Quem sabe se daqui a uns anos, ser cantoneiro não será uma profissão sexy e mais procurada?

Mesmo em Portugal, as tendências têm vindo a mudar de forma acelerada. De acordo com dados do INE, são hoje pelo menos 250 mil os portugueses que têm dois ou mais empregos. O que é que isto nos diz? Diz-nos, por um lado, que há mais pessoas que, por razões económicas, são levadas a ter mais do que um emprego. Por outro, pode ser também um sinal de que um emprego sexy não se define pela função em si. Há quem veja vantagens na possibilidade de abandonar o tradicional conceito de exclusividade a tempo inteiro e abraçar vários projetos mais desafiantes em simultâneo.

A verdade é que nem todos os trabalhos são incrivelmente impactantes. E nem todos poderão ser sexy. Desde o empregado de limpeza de uma PME ao Chief Executive Officer de uma multinacional é certo que todos os trabalhos são relevantes. Importa continuar a garantir que todas as profissões evoluem e se adaptam à realidade, para que continue a haver quem queira desempenhá-las. Sejam sexy ou não.

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