Fui, nesta segunda-feira, convidado para assistir a uma cerimónia de evocação da memória de pessoa de Nuno Krus Abecasis, na Câmara Municipal de Lisboa.
Um desafio de Manuel Monteiro ao actual Presidente da Câmara, Carlos Moedas, que prontamente se disponibilizou a promover o evento.
Para além de uma bonita apresentação de uma exposição fotográfica de alguns dos momentos marcantes da passagem de Nuno Abecasis pela presidência da câmara de Lisboa, assistimos a uma conversa entre três figuras que com ele serviram esta cidade naquele lugar.
João Soares, Pedro Santana Lopes e Carlos Moedas, desafiados por Fátima Campos Ferreira, estiveram hora e meia a contar histórias e a referenciar as características de excelência que qualificavam a sua maneira de estar na vida.
Todos referiram que Nuno Abecasis era principalmente um homem de convicções cristãs profundas e que constantemente as punha em prática em tudo aquilo em que se envolvia, ao mesmo tempo que consideraram que era alguém que se dedicava a fazer acontecer, decidindo sem medo e que, sendo um homem bom, não se coibia de defender as suas convicções com dureza sempre que fosse necessário.
E isto é em si mesmo muito importante pois aquilo que nós precisamos hoje, em Portugal e no Mundo, é exactamente que estes homens bons tornem a sentir a vontade de assumirem estes lugares de liderança da nossa sociedade e que nos levem a beneficiar dessa coragem e dessa capacidade de encontrar as soluções de vida que nos façam viver num Mundo melhor.
Pessoas que quando olham para nós veem pessoas e não eleitores.
Olham para os nossos problemas com a vontade de nos ajudar a encontrar soluções.
Pessoas que tratam os adversários não como inimigos, mas sim com o respeito de quem também está a lutar por ajudar os outros a viverem melhor e que, ainda que com ideias diferentes partilham o objectivo, como dizia Nuno Abecasis, de aceder ao poder para poder servir.
E foi na partilha de todas estas formas de estar e de viver de alguém que recolhe o consenso da maioria dos que com ele puderam privar, que assisti também a uma conversa entre três figuras políticas, todos de origem diferente do homenageado, que em momentos anteriores se digladiaram em combates políticos, uns ganhando e outros perdendo, mas que se respeitam e mesmo se apreciam, que partilham ideias e as discutem com a dignidade de pessoas.
Três figuras que podiam estar contrariadas como muitos que vemos por aí, que podiam insultar-se buscando no seu passado os momentos que os deixaram a perder e a ganhar, mas que com a força de serem homens, com a coragem de se sentirem capazes e com o respeito de quem reconhece que somos todos parte do mesmo país, nos deram um exemplo daquilo que é verdadeiramente servir.
Podemos discordar das suas decisões e das suas preferências, mas não podemos desconsiderar que para que tivéssemos uma cidade melhor eles nos dedicaram o seu tempo e o seu trabalho.
Esta evocação teve esse mérito de nos mostrar que é possível fazer e estar bem na política com os outros e não contra ninguém.
Nuno Krus Abecasis foi um exemplo e foi extraordinariamente marcante para as pessoas e a cidade de Lisboa.
Como disse a sua filha, não foi de esquerda nem de direita foi um cristão que sempre se preocupou com o próximo.
Todos nós, com as nossas convicções e com as nossas percepções devemos seguir este exemplo e ser sempre parte deste serviço que deve praticar quem tem o poder.