Actualmente, vivenciamos uma era onde a comunicação se tornou omnipresente e a imagem prevalece sobre a substância. As candidaturas de Sebastião Bugalho pela AD e Joana Amaral Dias pelo ADN, são exemplos claros disso. Os políticos são agora frequentemente avaliados não tanto pelo que realizam, mas sim pela maneira como se apresentam e comunicam. Este fenómeno, conhecido como Estado-Espetáculo, transformou a política numa forma de entretenimento, onde a imagem, a retórica e a aparência são mais valorizadas do que a competência e a integridade.

O antigo adágio de que “o bom político deve dedicar 50% do tempo a agir e outros 50% a comunicar” foi distorcido até à exaustão. Hoje em dia, muitos políticos parecem dedicar a maior parte do seu tempo a comunicar e manipular, reservando apenas uma pequena fatia residual desse tempo para efectivamente agir. Esta inversão de prioridades é preocupante, pois compromete a capacidade dos líderes políticos de resolver efectivamente os problemas que afectam as comunidades que representam.

A ascensão das redes sociais e dos meios de comunicação digitais exacerbou este fenómeno. Os políticos agora competem não só pela atenção dos eleitores, mas também pela sua aprovação nas redes sociais. As plataformas digitais tornaram-se arenas onde o espectáculo político é exibido e avaliado em tempo real. Neste ambiente altamente mediático, o marketing político tornou-se dominante, substituindo a substância pelo estilo, e o conteúdo pelos soundbites de 10 segundos.

A obsessão pelo telejornal marcou o início deste processo. Os políticos deixaram de ser meros informadores para se tornarem criadores de notícias, adaptando os seus discursos e acções para se encaixarem nos moldes dos meios de comunicação. Esta mudança gradual culminou na predominância da representação teatral sobre a verdadeira representação política. O político performático, habilidoso na “arte de parecer bem” em vez de “fazer o bem”, ascendeu ao poder, enquanto a ética e a integridade foram sacrificadas no altar da popularidade e da imagem, levando à degradação da vida política e da classe política.

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A “democracia mediática” tornou-se uma realidade, onde a repetição das mentiras através da técnica da redundância, muitas vezes, é aceite como verdade. Este ambiente tóxico tornou-se um terreno fértil para o surgimento de líderes autoritários e demagogos, que exploram habilmente as emoções e os preconceitos dos eleitores para obterem poder.

Enfrentar este desafio requer uma mudança fundamental na forma como entendemos e praticamos a política. Os cidadãos devem exigir líderes que sejam transparentes, éticos e comprometidos com o bem comum. Os políticos, por sua vez, devem rejeitar a cultura do espectáculo e comprometer-se a agir com integridade e responsabilidade.

O Estado-Espetáculo pode ter tomado conta da política, mas ainda não é tarde demais para mudar de rumo. É hora de resgatar a política da superficialidade e do cinismo e restaurar a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas. Só então poderemos construir um futuro onde a política seja verdadeiramente feita para servir o povo e não para entreter as massas.