No mundo tech, o trabalho remoto tornou-se uma prática amplamente normalizada e adotada por muitas organizações. Em Portugal, já são várias as empresas a adotar um modelo híbrido ou mesmo 100% remoto.
Essa transformação não apenas redefiniu a dinâmica do local de trabalho, como também influenciou a cultura e os processos de trabalho dentro do setor de tecnologia, consolidando o trabalho remoto como uma prática padrão na maioria das áreas tech.
Estudos têm demonstrado que trabalhadores remotos frequentemente apresentam níveis mais elevados de satisfação no trabalho e são mais propensos a permanecer nos seus cargos atuais por mais tempo. Além disso, o teletrabalho abre oportunidades para pessoas em áreas geograficamente limitadas acessarem mercados de trabalho que eram anteriormente inacessíveis.
Sabe-se que o teletrabalho pode contribuir para uma maior conciliação entre a vida profissional e pessoal dos colaboradores, no entanto, este traz também desafios como, por exemplo, no que diz respeito à evolução das equipas, e mesmo no sentido da passagem da cultura das empresas.
Abaixo seguem os que são, na minha opinião, os principais desafios para a evolução de uma equipa em teletrabalho:
Comunicação e Conexão Limitadas: A falta de interação presencial pode dificultar a construção de relacionamentos pessoais entre os elementos da equipa, o que por vezes pode afetar a coesão e a confiança entre os mesmos. Este ponto é especialmente crítico aquando o acolhimento de novos colaboradores.
Desafios na Gestão de Conflitos: Resolver conflitos ou mal-entendidos pode ser mais complexo no ambiente remoto, já que a comunicação não verbal e outras pistas contextuais podem ser perdidas, levando a uma resolução menos eficaz de problemas.
Diferenças Culturais e Barreiras de Comunicação: Em equipas globais, diferenças culturais e barreiras linguísticas podem surgir, impactando a compreensão mútua e a colaboração eficaz.
Algumas estratégias – do ponto de vista de liderança – para colmatar os desafios mencionados acima poderão ser:
Comunicação Transparente e Regular: É crucial estabelecer canais de comunicação claros e promover interações regulares entre os elementos das equipas para fortalecer os laços e garantir que todos se sentem incluídos.
É importante que cada elemento compreenda os objetivos da equipa, o seu papel e de que forma poderá contribuir para esse objetivo comum.
Criar Oportunidades para Socialização: A organização de encontros virtuais informais, happy hours online ou sessões de brainstorming para promover interações mais descontraídas e construir relacionamentos além do trabalho.
Fomentar a Confiança e a Transparência: Encorajar uma cultura de confiança, onde os integrantes da equipa se sintam à vontade para expressar opiniões e ideias sem receio de julgamentos. Aqui é crucial responsabilizar cada colaborador pelas suas tarefas, e que haja um entendimento quanto às expectativas da sua concretização.
Pessoalmente, considero que a flexibilidade e autonomia que os novos modelos de trabalho permitem são uma grande vantagem quer do ponto de vista do empregador quer do colaborador. No entanto, é importante que exista uma adaptação dos processos e não deverão ser descuradas as interações presenciais – numa frequência que deverá ser recorrentemente reavaliada – já que estas também possuem as suas vantagens para a criação de ligações entre pessoas, fomentando um sentimento de “pertença”.
O Observadorassocia-se à comunidade PortugueseWomeninTech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.