Os ricos portugueses são pelintras quando comparados com ricos de outros lugares do mundo. Os países que tenho visitado mais, os Estados Unidos e o Brasil, têm ricos a sério. Portugal em comparação com eles tem uns ricos muito pobrezitos.

Pensemos, por exemplo, nos artistas portugueses. Os nossos artistas são também uns pelintras. Qual é a maior banda de rock portuguesa? Diria os Xutos & Pontapés. Alguém acha que o Tim dos Xutos é rico? Acredito que não lhe falte comida na mesa, carro na estrada e viagem no verão. Mas rico como uma estrela estrangeira? Vá lá.

Porquê esta conversa acerca de estrelas portuguesas? Porque para quem na juventude desejou um estatuto parecido, como eu, é uma revelação transformadora quando se conclui que, ainda que o sonho de ser estrela se tivesse concretizado, de pouco servia. O céu das estrelas portuguesas brilha pouco.

Tenho o privilégio de ter amigos que vivem da música que fazem. Quando os vejo em concertos há um misto de sentimentos: orgulho em ser amigo deles, inveja deles, alegria por eles, pena deles. Todas estas emoções encontro, fazendo-me pensar nos meus amigos, em mim e no nosso país.

Durante a hora que em que os meus amigos estão no palco, a arte deles sobressai numa aparência de vitória. “Uau. Viver para que os olhos dos outros se encham do nosso talento…”—penso com admiração. Mas depois sei que, até nas grandes salas, o dinheiro feito é escasso, os aplausos passageiros, cruel a necessidade de permanecer futuramente relevante.

Em Portugal o triunfo é do tamanho do nosso país: pequenino, pequenino. Creio sinceramente que quem o alcança tem uma existência mais difícil. Não ser bem sucedido em Portugal é parecido com não ser bem sucedido fora de Portugal. Ter sucesso em Portugal é que não tem nada a ver com ter sucesso em países maiores. Mal por mal, acho preferível evitar essa desilusão.

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