Os jovens, a geração que herdará o planeta, sentem-se cada vez mais excluídos no que concerne a representatividade política em questões ambientais, tanto a nível local como central. Tal falta de representação manifesta-se na ausência de debate sobre as questões ambientais e na falta de inclusão das suas opiniões, ideias e vontades nas políticas públicas. A título exemplificativo, nas eleições legislativas de 2024, a discussão sobre temas de interesse primário para os jovens, como o ambiente e a cultura, foi praticamente inexistente nas várias campanhas políticas. Esta lacuna repete-se, entre outros, no seio das atividades das juventudes partidárias locais tornando necessário o surgimento de novas formas de participação cívica e a renovação da participação política. Este esquecimento não só gera desinteresse na política e participação cívica, como também espoleta cada vez mais radicalismos.
Os radicalismos supracitados levam a consequências como o bloqueio de estradas ou o vandalismo de obras de arte e edifícios, atos estes que devem ser devidamente responsabilizados. Tais comportamentos não distorcem apenas a mensagem que é pretendida transmitir à sociedade, mas também comprometem a segurança pública e o respeito pela propriedade e pelo espaço comum. Um doente que necessita de deslocar-se para receber tratamento hospitalar, ou uma obra de arte que exigiu milhares de horas de reflexão e trabalho, não devem ser culpados por questões alheias. Assim, é fundamental reconhecer que deve existir uma dupla responsabilização. É essencial responsabilizar e julgar aqueles que recorrem a tais medidas, enquanto se deve responsabilizar a falta de intervenção política na inclusão das ideias dos jovens nas políticas públicas, a diminuta promoção do diálogo construtivo e de debate político para as matérias que interessam aos jovens.
Cada vez mais jovens envolvem-se em movimentos ambientais, refletindo uma crescente preocupação com o futuro do planeta. No entanto, este envolvimento tem sido acompanhado por uma tendência preocupante de radicalização, realçando a necessidade premente de fomentar uma representatividade política entre os jovens e descobrir meios para direcionar o seu ativismo de forma construtiva. Partilho da opinião que a participação cívica não partidária poderá desempenhar um papel fulcral nesta temática, através do desenvolvimento de políticas públicas e no combate aos extremismos, por meio de assembleias de cidadãos ou outras formas mais informais, que colmatem as lacunas da participação cívica partidária.
Os jovens de hoje são os adultos do futuro, e as suas ideias e ideais devem ser salvaguardados. Caso contrário, num país com poucas oportunidades económicas, a desconsideração das principais ideologias defendidas pelos jovens, agravará também o problema da retenção de jovens. É necessário garantir que os jovens são informados e educados civicamente e politicamente, fazendo com que as suas vozes sejam ouvidas e que as suas ideias contribuam para a construção de um futuro mais sustentável e justo para todos.