Vivemos tempos turbulentos e difíceis, onde o barulho das opiniões polarizadas muitas vezes nos faz esquecer lições importantes do passado. Recordemos, antes de mais, a nossa história recente e os 48 anos de Fascismo que assombraram o nosso país. Foi um período marcado pela perda de Liberdade, dos nossos Costumes e, muitas vezes, da própria dignidade. Muitos foram presos, maltratados e fuzilados. A Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo (1933-1974) formaram o mais longo regime autoritário da Europa Ocidental no século XX.
A Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974 marcou o início da nossa liberdade, um momento simbólico e histórico. No entanto, é fundamental recordar também o 25 de Novembro de 1975, quando Portugal enfrentou uma nova ameaça: uma tentativa de golpe por parte da extrema-esquerda, que buscava instaurar um regime semelhante ao da União Soviética. Esta data será comemorada em sessão solene na Assembleia da República, numa tentativa de educar e recordar o trabalho crucial desenvolvido pelo Grupo dos 9 e pelo General Ramalho Eanes, figuras centrais na defesa da democracia.
A história ensina-nos que os extremos, seja à direita ou à esquerda, não são compatíveis com a liberdade. Os extremos afastam, em vez de unir, criando divisões profundas na sociedade. O caminho para o progresso passa por recordar o exemplo dos “moderados”, que, apesar das suas diferenças ideológicas, souberam sentar-se à mesa e encontrar pontos em comum. Esta capacidade de diálogo e compromisso permitiu construir uma nação livre e democrática.
Hoje, sinto-me triste ao ver que os “moderados” são uma minoria na nossa sociedade. Muitos vivem polarizados: de um lado, temos aqueles que, presos às ideias da esquerda radical, rotulam qualquer cidadão moderado de centro ou direita como “fascista”; do outro lado, a extrema-direita populista rotula os moderados de centro ou esquerda como “comunistas”. Eu, como alguém que defende políticas sociais liberais e uma abordagem económica também ela liberal, encontro-me precisamente no meio deste conflito. Sou visto como comunista pela direita e fascista pela esquerda, mas, na verdade, considero-me apenas um dos poucos “moderados” que ainda restam.
Uma sociedade mais culta será sempre mais coerente e responsável nas suas decisões eleitorais. Precisamos de promover o diálogo, a busca pelo conhecimento e a tolerância. Apenas assim poderemos resistir aos extremos e preservar a liberdade pela qual tantos lutaram. Que sejamos capazes de aprender com o passado e honrar a memória dos “moderados” que nos mostraram o verdadeiro caminho para uma democracia saudável.