As estatísticas publicadas este mês pela Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA – International Renewable Energy Agency) indicam que o mundo poderá não conseguir alcançar o objetivo global de triplicar a capacidade instalada de energias renováveis, tal com ficou definido na COP28, realizada no Dubai, em 2023.

As renováveis constituem a fonte de energia que mais cresce na produção de eletricidade, a nível mundial, mas, ainda assim, o ritmo revela-se insuficiente para atingir a meta definida.

Para atingir o ambicioso objetivo de 13,5TW (Terawatts) de potência instalada, de forma a triplicar a capacidade instalada em renováveis a nível mundial até 2030, seria necessário conseguir um crescimento anual da capacidade instalada de 16,4% no decorrer dos próximos sete anos.

Entre 2023 registou-se um aumento de capacidade renovável, sem precedentes, na ordem dos 14%, que ainda assim não chegará para que se alcançar a fasquia desejada e necessária. A este ritmo serão alcançados, de acordo com a previsão da IRENA, apenas 11,2 TW.

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No pior dos cenários, caso a taxa de crescimento fique pelos 10%, em linha com a média dos últimos anos, serão apenas atingidos 7,5 TW de capacidade renovável até 2030, muito abaixo da meta estipulada.

As energias renováveis estão a ultrapassar os combustíveis fósseis a nível global, mas os números revelam que o crescimento tem de ser ainda mais expressivo para garantir o que foi definido no Acordo de Paris: limitar o aumento da temperatura média a 1,5º C, face aos níveis pré-industriais, de acordo com as previsões da agência internacional, embora muitos especialistas considerem que esta é uma meta que dificilmente será atingida.

As conclusões dos especialistas da IRENA apontam para a necessidade de implementação de políticas que promovam as renováveis e para a mobilização maciça de instrumentos de investimento e financiamento.

Aumentar a colaboração entre governos, setor privado, organizações multilaterais e sociedade civil são alguns dos caminhos. Os governos devem definir metas, acelerar os licenciamentos, salvaguardando a proteção ambiental, expandir as ligações à rede e implementar políticas que estimulem as indústrias a apostar na energia verde incentivando também o setor privado a investir.

De facto, as renováveis não se limitam a travar as emissões e a combater as alterações climáticas. Em Portugal está provado que o investimento em renováveis tem benefícios financeiros para os consumidores de energia, das pessoas às empresas, permitindo poupanças significativas na fatura da eletricidade. Simultaneamente, oferece vantagens socio-económicas e fiscais. As renováveis contribuem para o Produto Interno Bruto, geram empregos verdes e aumentam as contribuições fiscais e de segurança social para os cofres do Estado.