São pequenos sinais mas são significativos. A eleição de deputados pelo Chega e pela Iniciativa Liberal e agora a vitória de Francisco Rodrigues dos Santos no Congresso do CDS marcam a quebra de alguns tabus na vida partidária portuguesa e a hipotética chegada de alternativas. Ou a tímida chegada a Portugal de um tempo em que a direita e as direitas deixam de ser definidas pela negativa, como a não-esquerda.

O modelo de combate é agora cultural, gramsciano, já não é leninista; até porque a luta política deixou de ser um capítulo da luta armada, da “guerra civil europeia” inaugurada há um século pela revolução bolchevique, que gerou as respostas do fascismo italiano e depois do hitlerismo alemão – ou as intervenções e ditaduras militares na Península, nos Balcãs e na Europa Oriental.

E nesse modelo de combate, as várias esquerdas da Europa e dos Estados Unidos ainda dominam, porque souberam criar bases na Academia, nos media e nas burocracias culturais de distribuição de ideias, princípios e recursos. E induziram uma espécie de monopólio ou ditadura intelectual que, sob a aparência de uma singularidade convergente de opiniões, ou até de “contra-cultura”, afina, na verdade, por um diapasão certificado, que entretanto se tornou hegemónico e abertamente moralista e inquisitorial, com o policiamento do pensamento e do vocabulário, a intimidação dissuasora, a cooptação e marginalização de amigos ou inimigos destinados ao céu ou ao inferno, à fama ou ao opróbrio. Os processos não são sequer subtis, mas como são usados com permanência e persistência sistémicas, cansam e dissuadem os adversários ou os não-alinhados.

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