Sabe o que é a doença das válvulas cardíacas, chamada de “valvulopatia”? É o nome que é dado a qualquer mau funcionamento ou anomalia que afeta o fluxo de sangue através das válvulas do coração. A doença é geralmente causada por desgaste, doença ou lesão de uma ou mais das quatro válvulas cardíacas.
Quando funcionam corretamente, as válvulas cardíacas asseguram que o sangue flua na direção correta. Ora, quando estão doentes ou defeituosas – aquelas que se tornaram apertadas (estenose) ou com fugas (regurgitação), ou ambas – podem não abrir ou fechar corretamente, o que pode interferir com o fluxo de sangue.
A doença está associada ao envelhecimento, atingindo a doença valvular moderada ou grave 40% da população com mais de 75 anos. Destes, cerca de 2% ao ano vão evoluir para doença muito grave, que geralmente vai requerer tratamento invasivo, isto é, não apenas através de medicamentos.
Os sintomas surgem, geralmente, em pessoas mais idosas e são frequentemente confundidos com os sinais naturais do envelhecimento. Os sinais de doença das válvulas cardíacas incluem, mas não estão limitados a falta de ar, desmaios, tosse, aperto e dor no peito, fadiga anormal para a idade, inchaço, ou edema, dos membros inferiores, com ou sem aumento inexplicado do volume abdominal, tonturas ou vertigens e palpitações.
Perante a suspeita de doença valvular cardíaca, a investigação inicial é tão simples como ouvir o coração com um estetoscópio: se for detetado um “sopro” – ruído do sangue a circular a elevada velocidade – isso pode apontar para doença valvular cardíaca. Deve então ser efetuado um ecocardiograma (ou ecocardiografia), para determinar o tipo exato e a gravidade da anomalia.
A ecocardiografia também desempenha um papel fundamental no diagnóstico de doença valvular cardíaca, fornecendo ao médico praticamente tudo aquilo que ele precisa de saber e que não consegue obter através da história clínica.
É possível saber qual a válvula afetada, o mecanismo predominante da doença (estenose ou regurgitação), a sua gravidade e a sua repercussão no músculo cardíaco. Estes dados, conjugados com os dados clínicos e por vezes de outros exames complementares, ditam qual o tipo de tratamento e quando deve ser realizado. Idealmente, a ecocardiografia deve ser realizada em locais com acreditação internacional, uma garantia da qualidade diagnóstica.
Se diagnosticada precocemente, a doença valvular cardíaca pode ser tratada eficazmente e as pessoas podem recuperar a qualidade de vida normal. As opções de tratamento mais comuns são a reparação cirúrgica das válvulas ou a sua substituição. A TAVI – acrónimo de transcatheter aortic valve implantation – é, atualmente, o procedimento mais frequente para substituir a válvula aórtica. É feita através de uma artéria na zona da virilha, na maioria das vezes sem necessidade de anestesia geral e com alta após 48 ou 72 horas.
Se está preocupado de que possa sofrer de doença valvular cardíaca, consulte imediatamente o seu médico. Ele sabe como a tratar.