É de louvar as inúmeras iniciativas e apoios que entidades públicas e privadas promovem para ajudar a financiar as instituições de solidariedade social. É um balão de oxigénio muito bem-vindo pois as associações vivem com inúmeras dificuldades ao nível da estrutura e dos recursos humanos. Por isso, este suporte é fundamental para apoiar no crescimento, na inovação, no investimento em novos projetos, entre outros.

Estas ajudas refletem um esforço enorme, por parte das empresas privadas, que nos últimos anos se têm vindo a organizar na área de Responsabilidade Social, onde definem uma estratégia que ajuda a direcionar os apoios de forma justa e equilibrada, conforme as necessidades identificadas, apoiando causas e públicos diferentes.

O grau de exigência e escrutínio nestes processos de candidatura a Prémios é grande e é natural que assim seja. Estão a ser aplicados donativos a instituições idóneas, por isso, cada investimento deve ser justificado e acompanhado de forma estruturada e sistematizada.

No entanto, surgem fragilidades no caminho. O grau de complexidade no processo das candidaturas, por um lado, e, muitas vezes, a falta de adequabilidade no âmbito dos prémios, não refletindo as reais necessidades no terreno, por outro, afastam a adesão por parte das instituições.

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A maioria das instituições portuguesas tem equipas pequenas, onde se concilia o trabalho de funcionários assalariados com voluntários qualificados. O dia a dia é muito exigente pois as necessidades são imensas e as associações tudo fazem para conseguir responder aos desafios diários.

Acontece que são processos “muito pesados” e os formulários de candidatura são demasiado complexos e longos. É solicitada informação que nem sempre é pertinente para o projeto em si, não acrescentando valor para a análise em causa, e nem sempre adequada ao perfil das equipas de grande parte das instituições do nosso país.

Seria mais benéfico para todas as partes se as candidaturas fossem feitas com um formulário mais simples, para pré-seleção de um conjunto de instituições. Informação adicional seria recolhida, numa fase posterior, apenas para as entidades pré-selecionadas através de um novo formulário ou visita à instituição, abordando questões simples e diretas sobre as atividades, resultados, impacto e maiores riscos na execução do projeto.

Para além deste entrave em termos de processo, outro problema que muitas vezes inibe as instituições de apresentar candidaturas é o facto do âmbito previsto no regulamento do Prémio ser “desenhado” de forma mais teórica do que prática, o que em muitas situações não “casa” com a missão e objetivos das instituições.

Os apoios existem, são muitíssimos valiosos para o 3º sector, mas poderiam ser potenciados de forma mais eficaz e eficiente. Os processos, apesar de naturalmente completos, rigorosos e exigentes, deveriam atrair as associações a elaborar candidaturas que reflitam as suas reais necessidades e não o contrário.

Há 8 anos que a CAPITI apoia famílias carenciadas com filhos com problemas do desenvolvimento e do comportamento. Já fez a diferença em mais de 450 crianças e jovens. Mas muitas mais haveria para ajudar. Para isso a agilidade destes processos faria toda a diferença no dia a dia das instituições e, obviamente, na vida das famílias que precisam de todos nós.