O verão está ao virar da esquina, as temperaturas aumentam e as roupas tendem a ser mais leves e mais curtas, como saias, vestidos e fatos de banho que expõem mais as pernas.

Nestes períodos as varizes que foram esquecidas durante os meses mais frios voltam a ser uma preocupação para muitas mulheres.

Para aqueles que acham que tiveram o maior azar do mundo ao terem este diagnóstico é importante referir que em Portugal estima-se que a Doença Venosa Crónica possa atingir mais de 35% da população adulta.

A Doença Venosa Crónica apresenta vários graus de gravidade, que vão desde a presença de telangiectasias (derrames) até ao aparecimento de veias dilatadas e tortuosas (varizes).

Os derrames apesar de serem na sua grande maioria assintomáticos afetam a autoestima das pessoas condicionando em muitos casos a forma como se vestem, na medida em que muitas mulheres evitam usar saia com vergonha de expor as pernas e noutros casos deixam de frequentar locais como praias e piscinas por esse mesmo motivo.

Mas o tratamento desta patologia deve começar bem antes dos meses mais quentes, ao contrário das dietas loucas que começam habitualmente em janeiro as medidas de controlo da Doença Venosa Crónica devem manter-se o ano todo.

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Antes de abordarmos as estratégias terapêuticas é fundamental conhecer um pouco mais a doença.

As veias das pernas possuem válvulas que ajudam a direcionar o sangue de volta ao coração, mas quando essas válvulas não funcionam adequadamente, o sangue pode se acumular nas veias, causando um conjunto de sintomas. A doença venosa na maioria das vezes começa com um desconforto/dor nas pernas, progredindo gradualmente para varizes, inchaço, comichão e alteração da cor da pele (hiperpigmentação).

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento da Doença Venosa Crónica incluem histórico familiar, idade avançada, obesidade, gravidez, ficar de pé ou sentado por longos períodos, falta de exercício.

O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível de forma a prevenir o aparecimento de varizes e de outras complicações mais graves associadas à doença. Um estilo de vida saudável é um dos melhores hábitos a ter, passando por caminhadas e uma alimentação equilibrada. Evitar ficar muito tempo sentado ou em pé, e não usar saltos altos todos os dias são outras medidas que podem reduzir os sintomas.

Os fármacos venoativos e o uso de meias elásticas são também eles chave para melhorar o funcionamento do sistema venoso.

A realidade é que em muitos casos as medidas descritas anteriormente são insuficientes para melhorar a qualidade de vida aos pacientes e a cirurgia é a única solução.

O tipo de cirurgia utilizada depende de vários fatores sendo a preocupação estética e o tempo de recuperação aspetos importantes na tomada de decisão.

Atualmente estão disponíveis um conjunto de técnicas para o tratamento das veias safenas insuficientes que podem ser divididas em 2 grupos, a cirurgia clássica e as técnicas minimamente invasivas.

Nas técnicas minimamente invasivas estão incluídas as técnicas térmicas (laser, radiofrequência, vapor), esclerose com espuma eco-guiada ou a aplicação de uma cola biológica.

Esses procedimentos são geralmente realizados em ambulatório, o que significa que o paciente pode regressar a casa no mesmo dia. Eles têm uma recuperação mais rápida e, em alguns casos, menos complicações comparativamente às cirurgias mais invasivas.

Por fim termino reforçando a ideia que se quer ter pernas bonitas e saudáveis comece agora e não espere pelo verão para cuidar de si.

Roger Rodrigues

Médico Especialista em Cirurgia Vascular do Hospital de Braga