O jornal i revela esta segunda-feira que um grupo de empresários, gestores e académicos assinou uma carta endereçada a Passos Coelho avisando que os cortes feitos na energia não chegam para travar o défice e baixar os preços e desafiando o primeiro-ministro a cortar as rendas pagas à EDP.

A carta tem a data de 21 de maio e entre os 18 subscritores encontram-se Mira Amaral, Alexandre Patrício Gouveia, Clemente Pedro Nunes, Pedro Sena da Silva e Henrique Neto, um grupo que já se juntou em ocasiões anteriores, nomeadamente para contestar o peso das renováveis. Desta vez entre os subscritores contou-se também Henrique Gomes, que se demitiu do cargo de secretário de Estado da Energia em 2012 contra as opções do Governo de privilegiar a privatização da EDP e da REN em detrimento de cortar nas rendas excessivas do sector eléctrico, escreve o i.

O grupo subscritor faz referência a uma entrevista de Pedro Passos Coelho ao Diário Económico em que o primeiro-ministro afirmou que os custos da energia em Portugal são inferiores à média europeia. Os 18 subscritores entendem que o primeiro-ministro proferiu essas declarações por estar “seguramente mal informado”, considerando também que as afirmações de Passos Coelho correspondem “à posição de interesses privados para justificar um dos maiores prejuízos infligidos à economia nacional – e simultaneamente vultuosos benefícios encaixados para si próprios”, cita o jornal i de acordo com a carta a que teve acesso.

Segundo o i, os promotores desta carta alegam que a posição de Passos Coelho assenta em “factos falsos” e em “argumentos sem fundamento legal” e exigem a imediata eliminação dos CMEC (custos de manutenção do equilíbrio contratual das centrais da EDP) e das restantes rendas excessivas, em nome da competitividade e da recuperação do país.

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Numa alusão aos cortes superiores a 20 mil milhões de euros impostos por Madrid às eléctricas, os subscritores sugerem que Portugal deve, à semelhança de Espanha, aplicar cortes mais agressivos nas rendas e nos custos da energia.

Em declarações ao jornal i, Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e o primeiro signatário da carta, critica também o terceiro pacote de redução de custos na energia que, segundo o ministro da Energia e Ambiente, Jorge Moreira da Silva, irá elevar os cortes feitos no sector a 4400 milhões de euros desde 2012.

Mira Amaral entende que este pacote é uma “manobra de diversão” que visa “poupar operadores com rendas excessivas no mercado doméstico”. Refere-se à EDP e às eólicas: “O que se trata é de taxar essas rendas excessivas e o governo, ao taxar outras actividades que não tenham rendas excessivas, faz claramente uma manobra de diversão para poupar as eólicas e os CMEC da EDP”, cita o i.