Os resultados preliminares de um estudo sobre alterações climáticas nos Açores apontam para um aumento da temperatura entre um e dois graus centígrados no período de 2080 a 2100, revelou à agência Lusa a investigadora Teresa Ferreira.
“Já há resultados preliminares que indicam um aumento da temperatura, entre um a dois graus centígrados para o período de 2080 a 2100, para os Açores, e uma mudança da distribuição da precipitação, ou seja, vai haver invernos mais chuvosos e verões mais secos, portanto, uma alteração do padrão de precipitação”, disse a investigadora.
Teresa Ferreira integra o Grupo de Biodiversidade dos Açores e Plataforma para o Desenvolvimento e Investigação e Sustentabilidade, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
A investigadora e a equipa que está a trabalhar no impacto das alterações climáticas no arquipélago estão a desenvolver o seu trabalho com base num modelo criado por Miguel Araújo, docente da Universidade de Évora, adaptado aos Açores.
A investigadora explicou que haverá impactos na agricultura com os verões mais secos e os extremos de precipitação que estão previstos, declarando que será “muito mais difícil” manter uma atividade sustentável no setor.
“Em termos de biodiversidade, vamos perder espécies. As endémicas dos Açores prevê-se que venham a desaparecer”, referiu.
Teresa Ferreira frisou que o impacto das alterações climáticas não causará apenas incómodos ao ser humano porque choverá mais ou nem tanto como anteriormente, havendo “consequências reais” em termos económicos.
“Não dá para continuar a ter uma agricultura da mesma forma porque o clima vai ser diferente”, afirmou.
A investigadora apontou ainda a vulnerabilidade dos ecossistemas das ilhas.
“O que está a acontecer a nível global, em termos continentais, é que as espécies estão a mover-se para norte no âmbito da sua distribuição. Numa ilha, isso não pode acontecer porque não há sítio para onde a espécie se possa espalhar, ficando num espaço confinado, desaparecendo”, explicou.
Teresa Ferreira estima que os resultados preliminares do estudo sobre alterações climáticas nos Açores sejam divulgados, em revistas da especialidade, em 2015.
O Governo dos Açores anunciou em maio a elaboração de um Plano Regional para as Alterações Climáticas, a concluir no prazo de 18 meses.
O plano vai ser “um instrumento essencial de planeamento das políticas públicas para responder à intensificação das alterações climáticas globais, que colocam uma pressão acrescida em territórios limitados e frágeis como é o caso do arquipélago dos Açores”.
O executivo regional apontou que inicia desta forma a Estratégia Regional para as Alterações Climáticas, ao mesmo tempo que cumpre “as obrigações decorrentes dos objetivos definidos no Protocolo de Quioto e no pacote energia-clima 20-20”.