Quadros de Caravaggio, Diego Velázquez, Francisco de Goya, Ticiano, Tintoretto, Rubens e El Greco são algumas das 141 peças da exposição “A História Partilhada. Tesouros dos Palácios Reais de Espanha”, que inaugura esta quarta-feira na Fundação Gulbenkian, em Lisboa. As obras escolhidas testemunharam acontecimentos importantes de Espanha, mas também as relações que o país teve com outras nações europeias, Portugal em destaque.

“Há quase dois anos que a estamos a preparar”, disse esta terça-feira Álvaro Soler del Campo, comissário da exposição que reúne obras dos Palácios Reais de Espanha, não só de pintores, mas também ourives, escultores, mestres da tapeçaria, bordadores e armeiros.

As obras dividem-se por duas salas. No andar de cima, o ponto de partida é o retrato de Isabel, a Católica. Pouco mais à frente pode ver-se na parede uma genealogia simplificada das pessoas reais retratadas na exposição, desde a dinastia Trastâmara, de Castela e Leão, à dinastia dos Habsburgos e Bourbons. A partir daí é mais fácil seguir pelos vários capítulos da história, desde a Baixa Idade Média até ao início da Era Contemporânea, que coincide com a criação do Museu do Prado por iniciativa da infanta portuguesa (na altura rainha de Espanha), Maria Isabel de Bragança.

“Salomé com a cabeça de São João Batista” é o único Caravaggio que a Casa Real espanhola possui. “Está no Palácio Real de Madrid, na zona de pinturas, que se abre a visitas guiadas, e é uma das obras que vai passar para um novo museu que está a ser construído, e que deve abrir entre 2016 ou 2017”, contou ao Observador Álvaro Soler del Campo.

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“Salomé com a cabeça de São João Batista”, de Caravaggio

A exposição foi proposta pelo presidente do Património Nacional de Espanha, disse João Castel-Branco Pereira, diretor do Museu Gulbenkian. O diretor, que abandona a Gulbenkian no final do ano, escolheu, pessoalmente, 70 as 141 obras que integram a mostra. As obras viajaram de 22 edifícios até Lisboa. O Museu Nacional de Arte Antiga, por exemplo, cedeu o retrato de Isabel de Portugal. Mas é a primeira vez que a quase totalidade das obras se mostra em Portugal. É o caso de “Cavalo Branco”, de Velázquez, “A Adoração do Nome de Jesus”, de El Greco, “São Jerónimo Penitente”, de Ticiano, o mármore esculpido por Desiderio da Settignano ou a armadura de Filipe II (I de Portugal).

“Há coisas muito privadas, como os três quadros de Goya que vêm da residência do rei Filipe VI de Bourbon, e outras que estão abertas ao público porque fazem parte da decoração do Palácio Real de Madrid e de outros palácios e conventos reais”, explicou Álvaro Soler del Campo. “O cálice de Soror Ana Doroteia, por exemplo, ornamentado com pedras preciosas, não se vê nunca. A última vez que saiu foi quando Bento XVI esteve em Madrid”.

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“Caridade de Santa Isabel de Portugal” é um dos três quadros de Goya expostos na Gulbenkian

A unificação das Coroas portuguesa e espanhola, entre 1580 e 1640, ou os casos dos membros da realeza portuguesa unidos por casamento à família real espanhola, são referências frequentes. Os retratos femininos também, de Carlota Joaquina a Bárbara de Bragança. Esta “História Partilhada. Tesouros dos Palácios Reais de Espanha” pode ser visitada até 25 de janeiro de 2015, de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00. A entrada no museu custa cinco euros.