José Sócrates foi até agora o único primeiro-ministro que não foi condecorado pelo Presidente da República e há um socialista que acredita que “já é tempo de cumprir com uma obrigação que o país tem”. Ascenso Simões, ex-secretário de Estado de um Governo de Sócrates, vai enviar uma carta ao Presidente da República a defender que este entregue uma medalha ao ex-primeiro-ministro pelo desempenho do cargo.

“Ficava muito irritado com o próximo Presidente da República se não entregasse a Cavaco Silva uma condecoração igual a todos os presidentes”, explica ao Observador Ascenso Simões, que vai enviar a Cavaco Silva a carta, em nome pessoal, ao chefe de Estado a perguntar pelo agraciamento a José Sócrates. Tudo na semana em que Sócrates recebeu a Medalha de Mérito Municipal da Covilhã, na categoria de Ouro e Chave da Cidade. Uma condecoração que recebeu pelas “obras de relevo” na cidade e que não foi bem aceite por todos.

O ex-primeiro-ministro socialista foi aliás o único a ainda não ter recebido a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, já entregue a outros primeiros-ministros como Durão Barroso ou Santana Lopes. E é isso mesmo que o socialista, que foi secretário de Estado da Administração Interna, lembra e pede o mesmo tratamento a José Sócrates.

Ao Observador, Ascenso Simões garante que esta é uma iniciativa individual, sem que para isso tenha consultado o ex-primeiro-ministro.

No Facebook, Ascenso Simões diz que vai enviar uma carta a Cavaco Silva e que nela protesta “pelo facto de haver a intenção deliberada (que se confirma pela passagem do tempo) de não atribuir a José Sócrates Pinto de Sousa a mais alta condecoração que o Estado Português entrega a todos os que exerceram a função de primeiro-ministro”.

Nas palavras de Ascenso Simões, Cavaco Silva, como o chefe das ordens, “não pode promover o abastardamento das mais altas condecorações da Nação” nem pode “fazer relevar opções ou simpatias pessoais obliterando os deveres de Estado”.

Ascenso Simões refere que se sente “desconsiderado na desconsideração que a mais alta figura do Estado entrega ao primeiro-ministro que eu servi” uma vez que fez parte do XVII Governo Constitucional. E termina dizendo que “o mais alto magistrado da Nação não pode optar pela negação da decência”.

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