Um grupo de elementos do Movimento Alternativa Socialista (MAS) manifestou-se esta segunda-feira nos jardins frente ao Palácio de Belém contra a condecoração do ex-presidente da Comissão Europeia por considerarem que Durão Barroso contribuiu para a atual situação económica. “Durão Barroso junto com os governos PSD e também PS – Portugal é governado há 40 anos por governos PS e PSD — entregaram [Portugal] à atual situação económica de desastre. O país cada vez está mais dependente do exterior”, disse o líder do MAS, Gil Garcia, em declarações à Lusa.
“Esta ação é simbólica porque, à hora que o Presidente Cavaco Silva condecora Durão Barroso – como um grande português e estadista e que é o motivo do nosso protesto -, é difícil ter aqui muitas pessoas, mas quisemos vir cá em nome daqueles que não podem aqui estar”, explicou.
Enquanto decorria a condecoração com o Grande Colar da Ordem do Infante D. Henrique, justificada na sexta-feira pela presidência da República com os serviços “de extraordinária relevância” para Portugal e União Europeia, o grupo do MAS envergava uma faixa com a frase “Durão com os pobres, mas suave com os ricos”.
Gil Garcia lamentou ainda o facto de a polícia ter impedido o grupo de se manifestar mesmo à frente do Palácio de Belém, tendo sido remetido para o jardim em frente, onde não ficou visível do portão a partir do edifício. No entanto, adiantou, no dia em que forem “muitos milhares” a manifestarem-se, “provavelmente as condições e a história não serão as mesmas”.
Para o líder do grupo, a venda da PT a uma empresa francesa é uma “das contrapartidas do resgate internacional que foi feito” a Portugal, o que o leva a considerar que Durão Barroso, juntamente com outros políticos do PS, do PSD e do CDS, “estão a vender o país a retalho”.
Gil Garcia acusou Cavaco Silva de estar a condecorar “aqueles que vendem a Portugal Telecom”, bem como “os que afundaram os bancos”, e lembrou que não foi ninguém preso: “Nem do BES, nem do BPN. Os bancos, depois de serem afundados economicamente, são vendidos a retalho a grandes empresas internacionais”.
“Portugal está a ser colonizado por grandes potências internacionais e estes senhores – Durão Barroso e todos aqueles que nos meteram na União Europeia e no Euro – estão a colocar o país sob a subordinação das grandes multinacionais francesas e alemãs”, acusou.
A condecoração acontece poucos dias depois de Durão Barroso ter terminado o seu mandato à frente da Comissão Europeia, na passada sexta-feira. Durão Barroso será o segundo português a receber esta condecoração a título excecional, já que o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique se destina a chefes de Estado. Em 2001, a distinção foi atribuída pelo antigo Presidente da República Jorge Sampaio ao último governador português em Macau, Vasco Rocha Vieira.
A Presidência justificou a condecoração por Durão Barroso estar no “mais alto cargo internacional alguma vez assumido por um português” e ter realizado “serviços de extraordinária relevância” a Portugal e à União Europeia.