O Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, afirmou nesta segunda-feira durante a visita à OCDE em Paris (França), que a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) está no seu limite e que uma injeção de dinheiro na economia poderá não surtir efeito, se não forem feitas reformas estruturais na economia portuguesa.
“A política monetária do BCE está no seu limite, não vejo o que se pode fazer mais”, afirma Cavaco Silva. Uma injeção de dinheiro do BCE na economia “poderá não surtir efeito”. O Presidente da República sublinhou que são necessárias reformas estruturais, não apenas monetárias.
Um futuro Governo “não pode escapar” à realização permanente de reformas nem deixar de estar preocupado com a sustentabilidade da dívida pública, das finanças públicas e com a competitividade da economia. “Penso que as reformas estruturais é uma agenda permanente de qualquer Governo. Qualquer que seja o Governo de Portugal no futuro não pode deixar de ter na primeira linha das suas preocupações a sustentabilidade da dívida pública, a sustentabilidade das finanças públicas, a competitividade da economia e todas as reformas que são necessárias para preservar e para reforçar a competitividade da nossa economia”, afirmou Aníbal Cavaco Silva segundo a agência Lusa.
Note-se que a 22 de janeiro de 2015, o BCE lançou um programa generalizado de compra de dívida que inclui obrigações dos Tesouros públicos da união monetária. O programa “visa assegurar o cumprimento do mandato do BCE de manter a estabilidade de preços” que é de uma taxa de inflação perto de 2% no médio prazo. Há dois anos que a realidade se afasta cada vez mais deste objetivo.
“As reformas são um modo de vida a que ninguém consegue escapar”, frisou Cavaco Silva de acordo com a Lusa, referindo que na OCDE há uma “apreciação positiva das reformas estruturais que foram feitas em Portugal nos últimos três anos, em diferentes domínios e não apenas no campo da legislação laboral, mas também na área da saúde, na área da educação e na área da concorrência”.
Para o chefe de Estado, “nenhum governo pode escapar a tomar as medidas que são necessárias para que a economia portuguesa seja competitiva nos mercados internacionais e possa enfrentar a concorrência que chega dos mais variados mercados”. Cavaco Silva exemplificou como as reformas mais importantes “aquelas que se ligam com as competências, com a educação, com a qualificação dos recursos humanos e todas as que se ligam à inovação”, de acordo com a agência Lusa.
Cavaco Silva afirmou também que o que foi feito até agora na economia portuguesa permitiu torná-la “mais sólida” e “melhor colocada nos mercados internacionais”.
O problema demográfico relacionado com o sistema de pensões, a necessidade de aumentar a taxa de fertilidade e de lidar com o fluxo migratório em Portugal, foram outras questões levantadas pelo Presidente da República esta segunda-feira, na sede da OCDE.