Há palavras em japonês (“tsundoku” — comprar e acumular livros que nunca lemos), indonésio (“jayus” — uma piada tão mal contada que não resistimos a rir dela), norueguês (“utepils” — beber uma cerveja ao ar livre num dia de sol) ou georgiano (“shemomedjamo” — continuar a comer apesar de estarmos cheios, por estar a saber tão bem). E no meio de uma vintena de línguas, há também uma palavra em português: “desenrascanço”.

O site Buzefeed elegeu “28 belas palavras que a língua inglesa deveria roubar”, por lamentavelmente não existirem sinónimos no idioma do senhor Shakespeare. E a prova de que o trabalho foi bem feito está tanto na qualidade das palavras escolhidas (a maior parte das quais, diga-se de passagem, a língua portuguesa também deveria roubar), como no facto de a palavra gualdripada ao português não poder ser melhor escolhida.

Não foi “fado”, não foi “saudade”, foi mesmo “desenrascanço”, que é assim traduzida: “the last minute improvisation of a hasty but perfectly sound solution; pulling a MacGuyver”. Ou seja: “improvisação de última hora de uma solução apressada mas perfeitamente eficaz”. É mesmo isso. A que se segue uma palavra em inglês que não tem exactamente tradução na língua de Camões, mas que é sempre uma bonita citação de um extraordinário ícone dos anos 80…

macgyver

…que, sim, foi o grande mestre internacional do desenrascanço.

Só lhe faltou mesmo ser português.

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