Resultados de uma investigação levada a cabo por cientistas ibéricos mostram que a intrusão da poeira vinda do deserto do Sahara fez com que a superfície da Terra arrefecesse. Os investigadores espanhóis e portugueses juntaram forças e analisaram a composição e o efeito radiativo dos aerossóis dos desertos durante duas ocasiões que afetassem simultaneamente Badajoz, em Espanha, e Évora, em Portugal, em Agosto de 2012.
Os aerossóis atmosféricos são a fonte principal de energia do sistema atmosférico terrestre. São partículas sólidas ou liquidas suspensas no ar, como a névoa ou o exsudato florestal, que têm um efeito significativo na temperatura global da Terra. São difíceis de examinar especialmente porque permanecem na atmosfera durante um curto período de tempo e porque a sua causa tanto pode acontecer por motivos naturais como por motivos antropogénicos. Foi por esse motivo que os cientistas quiseram estudar a poeira criada no deserto, que é um aerossol natural. Os solos da Extremadura são de grande interesse devido à proximidade com o Sahara.
Os cientistas focaram o seu estudo, publicado no jornal Atmospheric Research, em duas intrusões de aerossóis do deserto ocorridos em agosto de 2013 e que afetaram as estações de monitorização em Évora e em Badajoz, que pertencem ao AErosol RObotic NETwork (AERONET) e são geridos pela NASA.
Durante estas duas ocasiões, “a quantidade de radiação que chegou à superfície foi menor do que aquela que seria se aqueles aerossóis não estivessem ali,” disse Maria Ángeles Obregón, autora líder deste estudo e investigadora do departamento de física da Universidade da Extremadura e da Universidade de Évora, explica à agência noticiosa especializada em ciência SINC.
O estudo também concluiu que a presença de aerossol de origem antropogenica, ou seja poluição, causa maior impacto. As amostras estudadas apresentaram os aerossóis juntos à superfície devido à presença de um anticiclone que pairava sob a área em estudo ao nível do mar, “reduzindo a quantidade de ondas curtas e causando grande arrefecimento na radiação,” disse Obregón.