A antiga casa de família de Aristides de Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, a 30 quilómetros de Viseu, já não está em risco de ruir. A primeira fase das obras de recuperação da futura casa-museu está prestes a ser concluída e consistiu na “reconstrução do exterior e estabilização das paredes interiores da Casa do Passal”, explicou ao Observador a Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC).

A casa de três pisos onde viveu o diplomata que salvou milhares de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial esteve vários anos em avançado estado de degradação. Cerca de 400 mil euros de investimento depois (85% provenientes de financiamento comunitário e 15% de contrapartida nacional por parte da DRCC), já se pode ver o telhado e a fachada reconstruídos.

aristides de sousa mendes

Foto cedida ao Observador pela DRCC

A casa foi visitada esta quarta-feira de manhã pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier. Os alicerces já estão de pé, mas ainda há muito trabalho pela frente. Falta reconstruir o interior e preparar um núcleo museológico que permita conhecer o percurso e os feitos do antigo cônsul de Bordéus que, desobedecendo a Salazar, emitiu milhares de vistos de entrada em Portugal, muitos deles a judeus.

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Foi a Fundação Aristides de Sousa Mendes que adquiriu a Casa do Passal em 2001, com o apoio financeiro do Ministério de Negócios Estrangeiros. Uma década mais tarde, o edifício foi classificado como Monumento Nacional. Apesar da importância reconhecida ao espaço, por causa da história do homem que ali habitou e não tanto pela sua relevância arquitetónica, durante anos o edifício esteve abandonado.

Em março de 2013, a DDRC e a Fundação Aristides de Sousa Mendes assinaram um protocolo para que as obras de recuperação avançassem, mas até abril de 2014 nada tinha sido feito. Nesse mês, um grupo de cidadãos formou um cordão humano à frente da residência, com o objetivo de sensibilizar as autoridades para o estado de ruína e perigo de derrocada a que tinha chegado o Monumento.

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As obras começaram finalmente no final de maio de 2014. De acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, no âmbito do quadro comunitário 2020 prevê-se agora “um investimento de 800 mil euros para a recuperação do interior do espaço e sua musealização”. A Sousa Mendes Foundation, criada nos Estados Unidos em 2010, anunciou também que vai doar 50 mil dólares para o projeto (cerca de 44 mil euros, à taxa de câmbio atual).

Barreto Xavier estima que só em 2018 o público poderá visitar o lugar onde viveu Aristides de Sousa Mendes, e por onde passaram muitos refugiados durante a guerra, salvos pelo cônsul que o Yad Vashem (Memorial do Holocausto de Jerusalém) distinguiu com o título de “Justo entre as Nações”.