Pedro Passos Coelho diz saber que há muitos eleitores que votaram na coligação que não estão “reconciliados” com a ação do seu Governo e pediu-lhes, na entrevista que deu esta noite na RTP, que olhassem para as experiências de outros países (Grécia) e concluíssem se podia ter agido de forma diferente. O social-democrata disse que ficaria muito preocupado se o PS ganhasse e executasse o seu programa de Governo e falou no perigo de “um governo capitaneado pelo PS” ficar “prisioneiro do BE ou do PCP, que querem sair da NATO e do euro”. A permanência de Portas como vice-primeiro-ministro no próximo Governo é provável.
Numa última entrevista antes do início da campanha, o primeiro-ministro e candidato da coligação às eleições de 4 de outubro, Passos Coelho mostrou que os socialistas são atualmente uma grande fonte de preocupação pessoal. Não só teme a aplicação do seu programa eleitoral, como diz estar preocupado com o facto de ter feito “um convite expresso” a António Costa – durante o debate que aconteceu nesta manhã – para se encontrar um acordo de regime para a reforma da Segurança Social, e este não tenha respondido. Mas há mais queixas. “Como é que possível que um candidato a primeiro-ministro não saiba dizer onde vai cortar 1020 milhões de euros”, interrogou Passos Coelho.
No entanto, quando questionado sobre o corte que a coligação pretende fazer nas pensões de cerca de 600 milhões de euros, Passos Coelho não saiu das críticas ao PS. “Posso garantir que 600 milhões na sua Segurança Social não tem nada a ver com os milhares de milhões do PS”, disse o governante.
Sobre o Novo Banco, que marcou esta semana de pré-campanha, Passos Coelho disse que a medida de resolução foi a decisão correta para o BES e que “a alternativa seria haver uma nacionalização do banco e com más consequência”. Quanto à venda do banco e ao seu adiamento, Passos confia no Banco de Portugal e no governador Carlos Costa, pois parece-lhe ser adequado ter “alguém que conheça a indústria” e que “tenha um papel imparcial” para gerir o processo. No que diz respeito à reestruturação da administração do Novo Banco, o primeiro-ministro acha que é algo “normal e natural”.
“Há uma parte do eleitorado que votou nos dois partido há quatro anos que não está reconciliada com a ação que nós tivemos. […] Se esses eleitores entenderem não ir votar, então é muito possível que no dia a seguir às eleições tenham um resultado com que não contam, que é um resultado muito perverso. Que é um resultado em que todos os sacrifícios sejam atirados pela janela ou que haja instabilidade política”, avisou o primeiro-ministro. Passos Coelho não adiantou quaisquer cenários pós-eleitorais para a coligação e para o PSD, mas disse que “faz todos o sentido” Paulo Portas manter-se como vice-primeiro-ministro caso a coligação ganhe a 4 de outubro.
Quanto às propostas do PSD e do CDS, Passos Coelho disse mais uma vez que deverá haver devolução da sobretaxa já para o ano – e o valor devolvido será entre um quarto e um quinto do valor total – e admitiu ainda que não tem condições para baixar o IVA. Sobre as promessas não cumpridas de 2011, Passos Coelho disse saber que pagará “um preço político”, mas lembra que “a situação de partida não era a que constava no memorando” e que o país tinha o tal “desvio colossal”. “A minha prioridade era livrar os portugueses de uma experiência que já estávamos a ver a acontecer na Grécia”, disse o social-democrata referindo-se ao segundo resgate daquele país.
Sobre o emprego e sendo confrontado com casos de pessoas com mestrados e doutoramentos que se candidatam a fazer vigia de recreios nas escolas, Passos Coelho disse que não tem “por hábito fazer de conta” que não conhece a realidade, mas que esse é apenas “um retrato parcial” e que em áreas como eletrotécnica e computação há pleno emprego no país.