Foi um dos homens que mais fotografou o país inteiro ao longo de boa parte do século XX, como aliás se percebe no blogue que vai divulgando o seu trabalho de há algum tempo a esta parte. Artur Pastor (1922-1999), alentejano de Alter do Chão, apaixonou-se pelo Algarve enquanto cumpria o serviço militar, em Tavira, nos anos 40 do século passado. E foi nessa altura que tirou as primeiras fotografias da região. Poucos anos mais tarde, a propósito de uma das suas primeiras exposições, Motivos do Sul, confessaria ao jornal da região Povo Algarvio a razão de tantas vezes ter disparado a sua máquina naquelas paragens:
Quando parti, no Algarve ficou o meu coração de enamorado, nele deixei para sempre, preso aos seus poentes afogueados, ou ao mar branco das suas “açoteias”, o meu espírito em alvoraçada comoção. Depois, subsistiu sempre uma incessante saudade, o desejo constante de voltar.
A sua carreira prosseguiria em Lisboa ao serviço da Direção Geral dos Serviços Agrícolas, onde se tornaria “regente agrícola fotográfico”, função que o fez viajar por todo o país para registar, com a sua Rolleiflex, diversos postos agrários e brigadas técnicas. Fundou o arquivo dos serviços que deixaria com um legado de mais de dez mil fotografias. Ao longo de toda a sua vida nunca deixou de fotografar nem de expor. No ano anterior à sua morte, passou vários dias na Expo 98 a registar diversos aspetos do recinto e dos seus visitantes.
Após o seu desaparecimento, a família cedeu o seu espólio ao Arquivo Municipal de Lisboa que no ano passado fez a primeira grande exposição dedicada ao autor, em três espaços distintos da cidade. Desta feita, parte da coleção (61 fotografias) viajou até ao Convento de São José, em Lagoa, para a exposição O Algarve de Artur Pastor. Mas não é tudo: a enriquecer a mostra estão obras como Algarve, Portugal, publicada em 1965, um conjunto de 12 fotografias inéditas da Costa Vicentina e um conjunto de postais ilustrados dos anos 40 também dedicados à região. Na fotogaleria, em cima, estão 20 fotografias do Algarve de Artur Pastor para abrir o apetite. Depois, podendo, é rumar a sul.
A exposição é gratuita e fica patente até 31 de março de 2016, no seguinte horário: de terça-feira a sábado, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.