Uma proteína que parece desempenhar um papel-chave na doença de Alzheimer foi identificada por cientistas, que acreditam ser importante para o tratamento da patologia neurodegenerativa, revela um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
Conhecida como GPR3, a proteína pode, segundo o estudo feito com ratinhos, impedir a acumulação de fragmentos da proteína beta-amiloide no cérebro, que afeta a comunicação normal entre os neurónios. A formação de placas amiloides no cérebro é considerada a principal causa da doença de Alzheimer, que não tem cura.
“Descobrimos que GPR3, uma proteína ativa no cérebro, jogava um papel significativo na formação de beta-amiloide e na agregação deste peptídeo para formar as placas” amiloides que existem dos doentes de Alzheimer, afirmou, citada pela agência AFP, a investigadora Amantha Thathiah, da Universidade de Lovaina, na Bélgica.
De acordo com Amantha Thathiah, o estudo mostra, por manipulação genética, que “a ausência desta proteína reduz a formação de placas amiloides e o declínio cognitivo” em ratinhos doentes.
Apesar dos modelos de doença de Alzheimer em ratinhos não serem equivalentes aos humanos, pelo que é necessário aprofundar os resultados do estudo em humanos, os cientistas sentem-se motivados pelo facto de haver no mercado medicamentos que têm como alvo este tipo de recetor proteico.
Além disso, realça a investigação, autópsias feitas a cadáveres de pessoas com Alzheimer mostraram que tinham no cérebro níveis elevados de GPR3, e que estes estavam associados à progressão da doença.
Para os especialistas, as moléculas testadas, até ao momento, contra os sintomas da doença de Alzheimer revelaram-se dececionantes: algumas conseguiram parar ou refrear a formação de placas amiloides, mas sem realmente atenuar os sintomas, nomeadamente nas fases precoces da patologia.