Certo dia, Eunice Maia e o marido Eduardo conversavam com um amigo que está envolvido na produção de azeite quando se depararam com uma questão curiosa. “Porque será que já não se vende azeite em granel?” Daí, passaram para outra. “Porque será que já não se vende nada a granel?” A busca incessante por uma resposta levá-los-ia à questão final. “E se recuperássemos, nós, a venda a granel?” Bem dito, melhor feito: juntos criaram a Maria Granel, um novo supermercado biológico que recupera esse tipo de venda: cada cliente serve-se apenas da quantidade que precisa ou deseja levar e paga a peso ou à unidade. Ou seja, nada está previamente embalado para assim promover o consumo sustentável.

“Na Europa este género de conceito já existe. Em Londres há o Unpackaged, e em França, Itália e Espanha também há negócios do género. Quando percebemos que estava a ser implementado nesses países, investigámos e decidimos arriscar em Portugal“, recorda Eunice. Nem ela, professora de Português e de Literatura, nem o marido, economista, tinham qualquer experiência anterior na área. Apenas “uma vontade muito grande não perder a ligação à terra”, fruto das suas origens — Eunice é minhota, Eduardo açoriano. E chegou-lhes.

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Os clientes servem-se diretamente dos dispensadores ou dos recipientes colocados em baixo. E podem controlar o peso do que levam nas pequenas balanças vermelhas.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

O conceito de venda a granel não é propriamente novo. Pelo contrário. E basta passar algum tempo na Maria Granel, que fica junto à Avenida da Igreja, em Alvalade, para ver entrar clientes que ainda se lembram de quando a maioria dos produtos que recheavam as despensas eram comprados desta forma. Só não havia dispensadores automáticos nem caixas transparentes em acrílico como as que há agora. Uma adaptação aos tempos modernos que permite que sejam os próprios utilizadores a servir-se sem grandes problemas. “Na primeira vez damos assistência e mostramos como funciona mas depois as pessoas servem-se sozinhas. O feedback tem sido extraordinário”, afirma Eunice.

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Os produtos estão organizados por secções, com as especiarias a abrir, junto à montra. “Decidimos pô-las logo à entrada porque dão um colorido e um aroma muito próprio que atrai logo os clientes”, explica Cristiana Gastão, a diretora de loja. Depois, basta ir percorrendo a Maria Granel para encontrar diferentes géneros alimentares: cereais, leguminosas, arrozes, massas, farinhas, açúcares, chás, super alimentos e por aí adiante. Sendo que o “por aí adiante” — que açambarca, por exemplo, gomas saudáveis, mel ou ovos (vendidos à unidade) — ainda tem muita margem para crescer: “Temos tido vários pedidos de produtos que não estão contemplados. Por exemplo, a partir da próxima semana já vamos ter chá matcha, que não tínhamos”, revela Eunice. Quem tiver ideias ou pedidos a fazer pode (e deve fazê-lo). “Registamos e agradecemos”, garante a responsável.

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Exemplo de um dos produtos disponíveis: cogumelos secos. É sempre possível ver a data de validade, o fornecedor e o preço por quilo. (foto: © Tiago Pais / Observador)

A esmagadora maioria dos produtos disponíveis na Maria Granel são de origem biológica. “Só há seis que não são e estão devidamente assinalados”, dizem. E com tanto para aprender e provar nesse mundo não estranha que a loja guarde também espaço para aplicar aquilo que Eunice define como sendo o “saber e o sabor”. Ou seja, degustações e workshops. E outras atividades virão: aos responsáveis não faltam ideias e à Maria já não lhe vão faltando adeptos. Fiéis ao granel. 

Nome: Maria Granel
Morada: Rua José Duro, 22B (Alvalade), Lisboa
Contactos: 21 135 1896 / geral@mariagranel.com
Site: www.mariagranel.com
Horário: De segunda a sexta, das 09h30 às 19h. Sábado das 09h às 17h