A artista plástica Ângela Ferreira, a editora livreira Bárbara Bulhosa, a coreógrafa Madalena Victorino, a cantora Maria João e a produtora cinematográfica Maria João Mayer, são as cinco distinguidas como “Mulheres Criadoras de Cultura”, em 2015, anunciou hoje o Governo.
O galardão vai ser entregue pelas secretárias de Estado da Cultura, Isabel Botelho Leal, e para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, na segunda-feira, às 11h30, na sala D. Luís do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
“O objetivo [do prémio] é distinguir mulheres que se têm notabilizado em vários domínios da produção cultural em Portugal, e promover uma visibilidade equilibrada entre homens e mulheres, isenta de estereótipos e preconceitos”, segundo o comunicado divulgado pelo Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais, do Ministério da Cultura.
Ângela Ferreira
Ângela Ferreira, vencedora do Prémio Novo Banco Photo 2015, que este ano expôs individualmente em Lisboa, Guimarães, São Paulo, Londres e Cidade do México, entre outras cidades, nasceu em Moçambique, em 1958, formou-se na Michaelis School of Fine Arts, na Cidade do Cabo, África do Sul, e tem-se distinguido pelo trabalho de reflexão sobre o impacto do colonialismo e do pós-colonialismo nas sociedades contemporâneas.
Segundo o Parque de Escultura Contemporânea de Vila Nova da Barquinha, no Ribatejo, “foi a primeira a eleger a questão do passado colonial como temática artística”. Ângela Ferreira está representada em diversas coleções em Portugal, nomeadamente na da Fundação EDP, em Lisboa, e também em Espanha, França, África do Sul, Itália e Alemanha.
Bárbara Bulhosa
Bárbara Bulhosa, 43 anos, é diretora e fundadora da Tinta-da-China, casa editora presente há dez anos no mercado português, e esteve anteriormente na direção das Livrarias Bulhosa.
Lançou a edição portuguesa da revista literária Granta, publica Fernando Pessoa, Oblamov e Hasek, clássicos de Dickens e Diderot, autores como Dulce Maria Cardoso, Paulo Varela Gomes, Teresa Veiga ou Michel Laub. Enfrentou uma queixa de generais angolanos, pela publicação de “Diamantes de sangue”, de Rafael Marques, e afirmou que é uma editora “independente” e que não está “ao serviço de ninguém”.
Madalena Victorino
A coreógrafa Madalena Victorino, com trabalho como pedagoga e progrmadora cultural, estudou dança contemporânea na London School of Contemporary Dance e, em 1980, obteve o grau de professora de Dança na no Goldsmith’s College 1, Laban Centre for Movement and Dance, da Universidade de Londres.
Maria João
Maria João, de 59 anos, é cantora de jazz, estudou na escola do Hot Clube de Portugal, em Lisboa. Em 1991 colaborou com o grupo Cal Viva, de Calos Bica e José Peixoto, e em 1994 formou duo com o pianista Mário Laginha, com quem continua a atuar. Trabalhou com músicos como Aki Takase e Niels Henning Orsted-Pedersen, Ralph Towner e Dino Saluzzi, David Linx e Diederik Wissels, entre outros.
Tem um total de 22 discos, em nome próprio, o mais recente intitula-se “Plástico” (2015).
Maria João Mayer
Maria João Mayer é produtora de cinema há mais de dez anos, tendo trabalhado com realizadores como Manoel de Oliveira, Margarida Cardoso, Sérgio Tréffaut, Fernando Lopes.
Produziu “Montanha”, a primeira longa-metragem de João Salaviza, depois de ter produzido as curtas-metragens do realizador, nomeadamente “Arena”, que ganhou a Palma d’Ouro do Festival de Cannes, em 2009, e “Rafa”, que venceu o Urso d’Ouro do Festival de Berlim, em 2012.
Também produziu a curta-metragem “Um dia frio”, de Cláudia Varejão, que participou nos festivais de Locarno, na Suíça, e Clermont-Ferrant, em França.
Este é o terceiro ano em que é entregue esta distinção, no âmbito do V Plano Nacional para a Igualdade-Género, Cidadania e não Discriminação.
Nos dois anos anteriores foram distinguidas a designer de moda Alexandra Moura, a ilustradora Danuta Wojciechowska, a atriz Glória de Matos, as artista plásticas Graça Morais e Joana Vasconcelos, a realizadora Teresa Villaverde, a maestrina Joana Carneiro, a bailarina Anna Mascolo, a declamadora Germana Tanger e a arquiteta Inês Lobo.