A Europa passou a “prova de resistência” que foi a crise na Grécia, afirmou o presidente da República no encerramento do terceiro encontro anual do Conselho da Diáspora, o último a que preside. No discurso que fez para os cerca de 150 convidados presentes em Cascais, Cavaco Silva afirmou que a “zona euro permanece como um núcleo duro” da União Europeia e que, no caso grego, “a desagregação teria custos gigantescos”.

“Foi o exemplo de que em matéria de governação, a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia”, afirmou, acrescentando que a “ideologia económica só resiste no modo de vida dos comentadores e analistas”, dando o exemplo do ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis.

O presidente da República afirmou que “a governação ideológica pode durar algum tempo”, mas faz “estragos na economia, deixa faturas por pagar e acaba sempre por ser derrotada pela realidade”. Centrando o último discurso que fez enquanto presidente honorário do Conselho da Diáspora na Europa, Cavaco afirmou que “muita coisa mudou na União Europeia” no último ano.

“Vivemos momentos de grandes incertezas, com desafios muito complexos aos quais temos tido dificuldade em responder. O terrorismo chegou ao coração da Europa e há um certo sentimento, entre os cidadãos, de insegurança”, afirmou o presidente da República.

Cavaco Silva referiu-se aos desafios europeus externos, mas também aos internos, como a Grécia e o Reino Unido. “A própria coesão interna tem sido posta em causa com desentendimentos entre os Estados-membros em relação a alguns princípios fundamentais da União Europeia, como a liberdade de circulação das pessoas, e a ameaça de saída de um grande membro da UE, o Reino Unido”, afirmou

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Adiantando que nos governos da União Europeia, o que domina é o pragmatismo, Cavaco Silva afirmou que para “manter a solidez deste núcleo duro da União Europeia que é a zona euros, é fundamental reforçar os alicerces do projeto”. Ou seja: criar “uma verdadeira união económica, uma verdadeira união financeira, o que significa complementar a união bancária à monetária, que já existe.

Cavaco Silva afirmou ainda que Portugal “se mantém à tona de água”, porque integra “este núcleo duro da zona euro”. Acrescentou que “se saltasse fora, afundava-se”. “Portugal tem que concretizar aquelas que devem ser as suas prioridades económicas: exportação e o investimento privado. E para isso há um fator decisivo: a confiança dos investidores externos, das instituições, dos mercados e das agências de rating“, afirmou.

O Conselho da Diáspora Portuguesa foi fundado em dezembro de 2012, para estreitar as relações entre Portugal e a rede mundial de portugueses espalhados pelo mundo com posições relevantes em organizações empresariais, na cultura, ciência e participação política. Conta com 84 membros, presentes em 22 países, e a sua missão é promover a imagem de Portugal e trazer ideias que contribuam para o desenvolvimento do país.