Se recebeu um smartphone este Natal, pode bem dar-se o caso de ter um sistema operativo (SO) diferente do anterior. Seja novo ou usado – explicamos aqui como repor as definições de fábrica em smartphones Android e iPhone antes de os reutilizar — tenha em conta que as últimas versões dos sistemas Android e iOS são cada vez mais compatíveis, na medida em que é muito fácil transferir informação de um lado para o outro. Não há razão para pânico, portanto.
No passado recente não era assim, a diferença tecnológica entre os sistemas operativos era grande, mas a partir do lançamento da versão 5 do Android (conhecida por Lollipop) o cenário mudou. O iPhone foi pioneiro mas a máquina Google melhorou muito e, embora existam diferenças, estão cada vez mais próximos em termos funcionais. Não vamos entrar na discussão sobre qual é o melhor, mas antes explicar como transitar de um para o outro — em ambas as direções e sem complicações. O caminho mais fácil é utilizar os serviços da Google, mas há outras opções.
De Android para iOS
A Apple facilita a vida com uma aplicação disponível no Google Play que transfere toda a informação essencial do Android para o iPhone, incluindo as aplicações (apps) gratuitas tais como Facebook ou Twitter. As aplicações pagas são automaticamente colocadas na lista de desejos (wish list) da loja da Apple.
Mas, uma vez mais, as aplicações Google são a forma mais prática: email, contactos, documentos e fotografias – através do Google Photos, que oferece armazenamento gratuito ilimitado. As aplicações da Google funcionam da mesma forma (e bem) em ambos os sistemas operativos.
Outra opção é a instalação de aplicações específicas para transferir dados. Umas utilizam a cloud (PhotoSync) e outras transferem os dados através da rede Wi-Fi (Copy My Data).
As fotografias podem ser transferidas de Android para iOS sem passar pela cloud, através do iTunes. Basta copiar as fotografias do Android para o computador e deste para o iTunes, que depois sincroniza com o iPhone. O mesmo procedimento para transferir música.
Uma vez que o Android é reconhecido pelos computadores como um disco externo, é fácil encontrar as pastas onde estão guardadas as fotografias e a música. Depois de as importar para o iTunes, pode ainda escolher o que quer sincronizar com o iPhone.
De iOS para Android
Algumas marcas já desenvolveram ferramentas de transição idênticas à da Apple. A Samsung por exemplo, tem o Smart Switch.
Tal como na transição de Android para iPhone, a Google é o caminho mais fácil, já que as aplicações funcionam tão bem em Android como em iOS. A Google tem uma página que explica, passo a passo, como fazer a transferência de dados.
No momento de trocar de sistema operativo, a transferência das mensagens de texto estão entre os pontos mais problemáticos. Existem aplicações que permitem esta transição com garantia da cópia das SMS mas não das iMessage (as mensagens de texto “azuis” da Apple). Uma hipótese é copiar manualmente para um documento de texto e guardar para arquivo.
Em relação às mensagens, uma nota importante: desligue primeiro a função iMessage, de modo a garantir que a Apple desligue o sistema para o seu número. Este processo pode demorar algum tempo. Caso não desligue o iMessage, corre o risco de deixar de receber mensagens dos seus contactos que utilizam iPhone — é um problema bem identificado que ainda não foi totalmente resolvido.
Para transferir música, utilize o Gestor de Música do Google Play, que faz o upload de todos os temas que tem na conta do iTunes para o Google Play Music — para que funcione tem de ter os respetivos ficheiros armazenados no disco.
Se utiliza uma conta iTunes Match, tem já disponível a primeira aplicação desenvolvida pela Apple para o universo Android: o Apple Music. Tenha em atenção que esta aplicação, à semelhança de outros serviços de streaming de música (Spotify, TIDAL ou MEO Music) podem ser usados em modo offline, ou seja, sem que seja preciso utilizar dados móveis – não se esqueça de desligar esta função para evitar surpresas na conta ao final do mês.
Se optar por fazer esta transição em bloco, sem grandes preocupações de arrumação, tem ainda a hipótese de utilizar um serviço de armazenamento na cloud, como por exemplo uma conta MEO Cloud, Google Drive, OneDrive ou Dropbox, que permitem armazenar fotografias e documentos. Uma vez na nuvem, passam a estar acessíveis em qualquer dispositivo.
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Notas gerais:
Os marcadores (bookmarks) guardados no browser do computador podem ser facilmente transferidos, independentemente de ser um utilizador Apple ou Windows e do novo smartphone ser um iPhone ou um modelo Android.
A transferência, se necessária, tem de ser feita no computador. Basta exportar os marcadores de um dos browsers para o ambiente de trabalho e depois importar para o outro.
Ao contrário da concorrência, o Safari é um browser que apenas está disponível, na versão móvel, para o iPhone. Se o seu novo smartphone for um Android, terá de exportar os marcadores do Safari para o computador e depois importar para o Chrome, o browser predefinido no Android. Ou então optar por browsers multiplataforma, como o Firefox ou o Opera.
E as notas e lembretes? É o mais difícil, de parte a parte. Não conhecemos nenhuma aplicação que seja capaz de transferir de forma eficiente as notas e lembretes entre Android e iOS. A solução mais prática passa por usar uma aplicação externa multiplataforma. O Evernote está entre as mais populares.
Outras notas:
As boas práticas de utilização recomendam que se faça com frequência uma cópia de segurança do smartphone, que passa por guardar, num computador ou na cloud, informações tais como contactos, agenda, notas e aplicações, para facilitar o restauro total da informação, mas estas ferramentas de restauro só funcionam plenamente dentro de cada sistema operativo, ou seja, de iOS para iOS e de Android para Android – sobretudo dentro do universo de cada marca (Samsung, LG, Huawei, etc.).
Trocar de smartphone (de Android para iOS e vice-versa) pode ser uma excelente oportunidade para “arrumar a casa”. Com o passar do tempo vamos descarregando aplicações mas, acabamos por usar apenas uma ou duas dezenas. Trocar de SO obriga a reinstalar aplicações, por isso recomendamos que o vá fazendo ao ritmo da necessidade.
A maioria dos utilizadores, em especial os que usam smartphones há mais tempo, vão dar-se conta que tinham instalado aplicações que não usam. Além disso, as páginas web adaptam-se cada vez melhor aos ecrãs pequenos dos browsers, o que torna dispensável a utilização das apps menos usadas.