Nizar Trabelsi chegou à Europa para jogar futebol mas foi pela sua relação com a Al-Qaeda que ficou conhecido. Esteve ligado aos atentados de 11 de setembro e cumpre prisão perpétua nos EUA.
Tudo começou na cidade de Sfax, na Tunísia, onde Trabelsi cresceu e deu os primeiros passos como futebolista, conta o jornal espanhol a Marca. Nos escalões mais jovens já representava a sua seleção e não tardou a ser contratado pelo clube belga Standard de Liège. Jogou apenas uma época e foi transferido para o Fortuna de Dusseldorf, clube da primeira divisão alemã, na época de 1989/90. Foi na Alemanha que a sua vida mudou radicalmente.
Perdeu-se no álcool, nas drogas e no sexo, tornando-se um alvo apetecível para a Al-Qaeda, liderada então por Osama Bin Laden, que começava a criar a sua rede terrorista no coração da Europa. Trabelsi era um homem algo violento e o seu estilo de vida autodestrutivo levou-o a conhecer Tarek Maaroufi, também de origem tunisina, e o primeiro belga a perder a nacionalidade por comportamentos criminosos, no ano de 2009.
A carreira de futebol de Trabelsi entrou em declínio e do Fortuna de Dusseldorf foi transferido para o Wuppertal, clube da segunda divisão alemã, seguindo-se o VfR Neuss, onde acabaria a carreira. Trabelsi iniciou uma viagem que teve como primeira paragem Londres, onde frequentou uma mesquita e escutou pela primeira vez os imãs Abu Qatada, da Jordânia, e Abu Hamza, do Egito, ambos identificados pelo FBI e pela polícia espanhola como elementos importantes da Al-Qaeda.
Mas foi pela mão do argelino Djamel Beghal que Trabelsi entrou no mundo do terrorismo. Em 1998, o ex-jogador rumou a Meca, onde esteve durante mais de meio ano numa madraça, até ser considerou apto para juntar-se aos talibãs do Afeganistão. Em 2000, Trabelsi regressou à Alemanha apenas para ir buscar a mulher e os filhos para o Afeganistão. Instalaram-se em Jalalabad, uma cidade a 70 quilómetros de distância do Paquistão e foi aí que conheceu Abou Zoubedïa, um homem próximo de Osama Bin Laden.
Trabelsi teve o seu primeiro encontro com Bin Laden em Jalalabad, onde tomaram chá juntos. As ideias sobre a expansão do islamismo radical tiveram um grande impacto em Trabelsi bem como o facto de Bin Laden conhecer todo o percurso dele, incluindo os tempos como futebolista. Osama mostrou-se disponível para tudo o que Trabelski precisasse. “Disse-me que era como um pai para mim. Por isso, eu amo-o”, disse o tunisino durante o julgamento.
Algumas reuniões depois, Bin Laden destacou Trabelsi na sua primeira missão em março de 2001: destruir as estátuas dos Budas de Bamyian no Afeganistão (patrimómio da humanidade). Algum tempo depois, Trabelsi foi enviado para a Bélgica como membro de um comando composto por sauditas e iemenitas. O objetivo era atacar a base militar Kleine-Broge, fazendo chocar um camião de 950 quilos de explosivos. Porém, este ataque nunca aconteceu. No dia 13 de setembro de 2001, dois dias depois dos ataques às Torres Gémeas nos EUA, Trabelsi foi detido pela polícia belga numa operação que prendeu uma dúzia de pessoas relacionadas com a planificação dos ataques do 11 de setembro de 2001.
No dia 30 de setembro de 2005, Trabelsi foi condenado a dez anos de prisão. Dois anos depois, a polícia belga deteve 14 pessoas que estariam a organizar um plano para libertar Trabelsi.
Um ano depois, os EUA pediram a extradição do tunisino, que se encontrava na prisão de alta segurança de Nivelles, na Bélgica. No dia 3 de outubro de 2013, Trabelski foi extraditado para EUA onde cumpre uma pena de prisão perpétua numa prisão de máxima segurança na Virgínia.