A criminalidade em Portugal teve em 2015 um agravamento de 1,3% devido a mais 4.721 participações registadas nos oitos órgãos de polícia criminal que contribuem para o Sistema de Segurança Interna.
A Polícia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Polícia Marítima, Autoridade de Segurança Alimentar, Autoridade Tributária e Aduaneira e Polícia Judiciária Militar tiveram, por outro lado, menos 124 participações de criminalidade grave e violenta que se traduzem numa redução de 0,6% dos crimes mais graves face ao ano anterior. Este é o resumo geral do Relatório Anual de Segurança Interna, a que o Observador teve acesso.
O aumento de 1,3% acaba por terminar com cinco anos de quebras consecutivas na criminalidade geral do país que se iniciaram em 2009. Mesmo assim o número total de participações registadas (356.032) está abaixo do máximo atingido em 2008: 421.037 participações).
Num total de 356.032 participações registadas durante os 329 dias do governo PSD/CDS liderado por Passos Coelho e os 36 dias do Executivo PS de António Costa, verificou-se um aumento muito significativa dos seguintes crimes:
. incêndio – mais 5.145 registos, o que significa um crescimento de 106, 2%;
. burla informática e nas comunicações – mais 3.322 registos, o que traduz-se num aumento de 73,7%;
. contrafação e falsificação de moeda – mais 1.456 registos, o que significa mais 34%.
O lado positivo do RASI, sigla que designa o documento que faz um retrato da criminalidade registada em território nacional, prende-se com uma diminuição de crimes relacionados furtos:
. roubos em residência – 16.186 participações que significam menos 16,2%;
. roubos de veículos motorizados – 25.360 participações que significam uma redução de 9,1%;
. e de roubos de metais não preciosos – 6.604 participações que pemitiram uma diminuição significativa de 21,9%.
Quebra da criminalidade violenta
Também a criminalidade violenta e grave, aquela que costuma ter mais destaque na comunicação social, teve uma diminuição. Residual, mas uma diminuição, com menos 124 participações que se traduzem numa quebra de 0,6% face a 2014.
Houve um aumento dos crimes de extorsão (+45,6% com 313 participações no total), de roubo por esticão (mais 1,6% num total de 5.704 registos) e de roubo a farmácia (aumento de 67,9% para um total de 94 participações). Mas houve uma diminuição dos crimes de roubo em edifícios comerciais, de ofensa à integridade física voluntária grave e de roubo na via pública.
Registo ainda para o registo de um novo tipo de criminalidade: o crime contra os animais de companhia que teve 1.330 participações em Portugal Continental e nas Regiões Autónomas.
Já nos chamados crimes relacionados com a proatividade das forças de segurança, nomeadamente através de operações especiais, destaca-se os crimes de condução de veículo com taxa de álcool igual ou superior a 1,2g: 22.873 participações que significam um aumento de 10,2%.
Lisboa e Porto com mais criminalidade, Setúbal e Aveiro com quebra
Em termos geográficos, os distritos com mais população são aqueles que têm um amento de registos de participações criminais. Enquanto que Lisboa teve 2.272 registos (aumento de 3,8%), o Porto conheceu um incremento de 1.585 registos (subida de 1,8%). A surpresa neste pódio negativo vai para Vila Real: aumento de 9,4% com mais 574 participações.
Já Setúbal (menos de 3,1%), Aveiro (redução de 1,8%) e Faro (quebra de 1,6%) estão do outro lado com uma diminuição genérica da criminalidade.
No que diz respeito à criminalidade grave e violenta, o Porto lidera a tabela dos distritos com o maior aumento de registos com 6,8%, enquanto que Santarém e Aveiro tiveram, respetivamente, subidas de 22,5% e de 5,9%.