As empresas de transportes públicos têm 51 milhões de euros por receber, em multas que ainda não foram cobradas, noticia esta quinta-feira o jornal Público. Desde que o novo sistema de cobrança de multas nos transportes públicos entrou em vigor, há perto de 331 mil casos de passageiros que viajaram sem título de transporte válido ainda por analisar.
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Multas cobradas nos transportes públicos desde janeiro de 2014.
O Governo PSD/CDS introduziu uma revisão legislativa que passou a responsabilidade de executar as dívidas para o fisco. Antes, era o Instituto da Mobilidade e dos Transportes que era responsável pela cobrança das multas.
A mudança, que pretendia resolver o problema anterior – o IMT era ineficiente na cobrança – acabou por resultar num problema maior.
De acordo com a edição desta quinta-feira do jornal, as empresas públicas são as mais prejudicadas por estes atrasos, que o Governo reconhece que têm impacto negativo nas contas das empresas. Além disso, escreve o jornal, a demora no processamento das multas “aumenta o sentimento de impunidade” dos passageiros.
A empresa mais afetada é a CP (Comboios de Portugal), que tem 90 mil autos por processar, num total de 15 milhões de euros por cobrar. Metro do Porto e STCP, em conjunto, têm 10 milhões a cobrar, e a Carris, em Lisboa, tem a receber 7,8 milhões, provenientes de mais de 41 mil casos. Já o Metro de Lisboa tem quatro milhões por cobrar. Menos afetadas são as empresas que asseguram o transporte fluvial no Tejo, a Transtejo e a Soflusa, que, em conjunto, não receberam 80 mil euros, de mais de 400 multas não cobradas. O conjunto das empresas privadas tem 14,3 milhões de euros por receber.
O Estado, no total, tem 36,8 milhões por receber em multas não cobradas. Vários motivos contribuíram para que não fosse cobrada nenhuma coima nos últimos três anos. O Público escreve que a Autoridade Tributária e Aduaneira pediu que os operadores enviassem os autos informaticamente, tarefa para a qual muitos operadores não tinham capacidade. Além disso, a proposta de criar um modelo único para os autos, e uma plataforma para o lançamento das multas, nunca avançou.
O Governo tem pressionado as operadoras para que encontrem uma solução “exequível”, para evitar “que o sentimento de impunidade se torne ainda mais dominante”, diz uma fonte oficial do Ministério do Ambiente — que tutela os transportes — ao Público. Neste momento, diz a mesma fonte, o executiva está “a ultimar uma proposta de alteração do processo de execução/cobrança dos autos emitidos por utilização indevida dos transportes públicos coletivos”.