Hackathon significa literalmente maratona de programação e a gigante Farfetch, a empresa de e-commerce de moda de luxo nascida em Portugal que vale mil milhões de dólares, vai lançar o seu primeiro hackathon público, nos próximos dias 29 e 30 de outubro, no Porto. O objetivo é reunir os melhores engenheiros e developers do país com ideias e soluções tecnológicas inovadoras. A equipa vencedora arrecada um prémio financeiro de 12.500 Euros.

“A Farfetch opera hoje a uma escala global e há poucas empresas de base tecnológica em Portugal com a nossa complexidade”, afirma Cipriano Sousa, Chief Technology Officer (CTO) da Farfetch. “O hackaton é uma forma de darmos a conhecer essa realidade e de estimular a comunidade a apresentar ideias e soluções tecnológicas para os diferentes desafios que temos”, explica.

A Farfetch, fundada pelo empreendedor português José Neves, está já presente em 130 países e é considerado o segundo maior site eletrónico de moda de luxo (o primeiro é o Net-A-Porter). No entanto, assume-se como uma tech fashion e não uma fashion tech: “na verdade, somos uma empresa tecnológica que também tem um negócio de moda de luxo, porque para além do nosso core business já começámos a explorar serviços de tecnologia”, sublinha o CTO da Farfetch. Exemplo dessa estratégia é a unidade de negócio Black & White, através da qual as marcas de moda podem alugar a plataforma e explorar o modelo de negócio com os mesmos serviços.

“A tecnologia é tão central que tem de representar uma parte importante do negócio e por isso assumimo-la desde o início”, justifica, deixando um aviso: “Quem não aderir à tecnologia para explorar novas formas de negócio online irá andar para trás”.

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A empresa prepara-se agora para recrutar 160 engenheiros para as suas diferentes áreas e o hackathon é, por isso, uma oportunidade de fazer networking e atrair talentos de que estão à procura. Farfetch quer continuar a apostar no Porto e em Portugal enquanto centro tecnológico e vai abrir, em breve, um escritório em Lisboa.

Dicas para vencer esta maratona de talento

São dois dias cheios de desafios, networking e algumas surpresas, como um concerto dos Expensive Soul e a própria participação de José Neves. Os participantes devem formar equipas entre três a cinco elementos e levar os seus laptops e dispositivos de hardware de que possam necessitar. Não existem requisitos académicos ou tecnológicos. À prova estarão o talento e a capacidade de criar soluções inovadoras tecnológicas aplicáveis à indústria de moda. As Inscrições podem ser feitas aqui até 22 de outubro.

Porém, Cipriano Sousa lança umas pistas para os participantes: “seria interessante que explorassem a vertente do offline; parece um contrassenso, mas a Farfetch é uma mistura de experiências online e físicas porque os nossos parceiros são boutiques físicas e uma área que estamos a explorar é essa mesmo: a interação do cliente na loja, através de espelhos interativos ou apps que funcionam dentro das boutiques”, sublinha.

O “pull e-commerce” é outra área que merece a atenção dos participantes: “reverte um pouco o conceito do e-commerce porque não se trata de o cliente ir ao site e escolher os artigos disponíveis, mas, sim, enviar uma mensagem a dizer que está à procura de determinado artigos com características específicas”, explica. Esta área, que já está a ter sucesso no mercado asiático, poderá ser, na opinião de Cipriano

Sousa, o futuro. “Juntar o messenger e o chat com o e-commerce tem um potencial fantástico. É uma área que pode gerar boas ideias.”

Parceiros de talento

Este hackhaton conta com a parceria da Câmara Municipal do Porto e da Microsoft Portugal, parceira tecnológica que providencia recursos técnicos, mentoria e apoio na organização. “A própria Farfetch trabalha com a Microsoft Portugal”, sublinha Cipriano Sousa. A empresa utiliza, por exemplo, o Visual Studio ou a plataforma cloud da Microsoft Portugal.

Esta parceria insere-se na estratégia de apoio às startups de base tecnológica que a Microsoft Portugal tem promovido nos últimos anos, através de programas como o BizSpark e o Ativar Portugal Startups, que já apoiou mais de 130 startups.