Foi uma das questões no centro da nomeação de António Domingues como presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos: quem pagou aos consultores e aos advogados contratados por Domingues meses antes de assumir funções para avaliar e negociar o plano de recapitalização para a Caixa? Em audição no Parlamento, em setembro, o gestor disse que seria o banco a pagar, com a ressalva de que se, por ventura, o recém-nomeado presidente do banco não chegasse a tomar posse, pagaria do seu bolso. Agora, o Correio da Manhã, avança qual é a fatura: 3 milhões de euros.
De acordo com o Correio da Manhã, os trabalhos da consultora McKinsey para a Caixa Geral de Depósitos, que se iniciaram em fevereiro e prolongaram-se até agosto, vai custar cerca de três milhões de euros. António Domingues foi nomeado em abril mas só no final de agosto tomou posse como presidente da Caixa, depois de receber luz verde do Banco Central Europeu. A confirmar-se estas datas, a Mckinsey começou a trabalhar a pedido de Domingues antes da data em que, segundo o próprio, foi convidado para presidir à Caixa Geral de Depósitos. Em declarações na comissão de inquérito, António Domingues revelou ter recebido o convite no dia 19 de março.
A contratação da McKinsey para apoiar Domingues na elaboração do plano para a CGD esteve no centro de uma das várias polémicas que envolveu o novo presidente do banco, uma vez que o ministro das Finanças, Mário Centeno, começou por garantir no Parlamento, em julho, que o trabalho não tinha sido encomendado pelo Governo nem pela Caixa. E depois, em setembro, António Domingues esclareceu que a contratação tinha sido feita por si e que o custo deveria ser imputado ao banco (caso o seu nome fosse chumbado pelo BCE e não chegasse a assumir funções na Caixa, Domingues disse também que se responsabilizaria pelos encargos). “Eu substituí-me ao trabalho que a Caixa tinha de fazer e propus que o custo fosse proposto ao conselho de administração“, disse na altura.
Segundo o Correio da Manhã, o montante é mais alto do que o habitualmente pago à Mckinsey, sendo que noutras alturas a Caixa terá pago uma média de 150 a 200 mil euros por mês nos trabalhos pedidos à mesma consultora. Certo é que os serviços em causa — consultoria para auxiliar no processo de negociação que decorria em Bruxelas sobre o plano de recapitalização da Caixa — não são solicitados com frequência.