É considerada uma das cenas de sexo mais inesquecíveis do cinema, envolve manteiga como lubrificante, uma atriz de 19 anos e um ator de 48. E, de acordo com o que Bernardo Bertolucci admitiu numa entrevista em 2013, não estava no guião. Aliás, a forma como a cena desenrolou não foi consentida por Maria Schneider — atriz que viria a entrar numa profunda depressão depois do filme e morreu de cancro em 2011.

O realizador de “O último Tango em Paris” afirmou que queria que a atriz “sentisse a humilhação e a raiva”, em vez de a representar. O vídeo da confissão de Bertolucci sé de 2013, mas só foi divulgado amplamente este sábado pela imprensa internacional, incluindo o The Independent, o New York Daily News e a Variety.

Portei-me de uma forma horrível com a Maria porque não lhe contei o que ia acontecer, porque queria que ela reagisse enquanto rapariga e não enquanto atriz”, disse Bertolucci, admitindo que queria que “ela representasse humilhada”. O realizador contou ainda que acha que a atriz o odiava a ele e a Marlon [Brando] por não lhe terem contado que iam usar manteiga como lubrificante na cena.

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“Para obteres qualquer coisa acho que tens de ser completamente livre. Eu não queria que a Maria representasse a sua humilhação, a sua raiva. Queria que ela sentisse a raiva e a humilhação. E depois odiou-me durante toda a vida”, disse.

O realizador do filme, que foi nomeado para dois Óscares (de melhor realizador e melhor ator), afirmou ainda não se arrepende do que fez, mas que se sente “culpado”. Aquando da gravação do filme, em 1972, Maria Schneider tinha 19 anos. Morreu em 2011, com 58 anos e vítima de um cancro, depois de ter tido uma vida marcada por drogas, tentativas de suicídio e internamentos em hospitais psiquiátricos.

No vídeo agora divulgado, Bernardo Bertolucci admite aquilo que Maria Schneider já tinha afirmado em 2007, em entrevista ao Daily Mail. “A cena não estava no argumento original. A verdade é que foi Marlon quem teve a ideia e eles só me contaram mesmo antes de filmarmos a cena. Fiquei tão revoltada. Devia ter chamado o meu agente ou o meu advogado porque ninguém pode forçar um atriz a fazer algo que não estava no argumento, mas eu não sabia”, contou a atriz.

Na mesma entrevista, a atriz afirmou que “se sentiu humilhada e um bocado violada” por Marlon Brando e por Bertolucci. “Depois da cena, o Marlon não me veio consolar ou pedir desculpa. Felizmente, foi só um ato”, disse. Depois de O Último Tango em Paris, a atriz francesa nunca mais apareceu nua em nenhum dos filmes em que entrou.