Um militar ficou ferido depois de ter sido atacado por um homem junto ao Museu do Louvre, em Paris. O incidente terá acontecido depois de o atacante ter sido impedido de entrar com duas mochilas no interior do centro comercial Carrousel du Louvre, que faz parte do museu, pelas autoridades, atacando de seguida um militar enquanto gritava “Allah Akbar” (“Alá é Grande”), possivelmente com uma faca ou catana. O soldado reagiu imediatamente atirando sobre o suspeito, que sofreu ferimentos graves na zona da barriga.

Segundo o comandante da Polícia de Paris, Michel Cadot, o atacante tinha “uma catana, talvez duas” e “o militar disparou para se defender face à ameaça”. Michel Cadot avançou ainda que o agente ferido foi atingido na zona da testa e falou num atentado terrorista.

O militar foi transportado para o Hospital Militar Percy e encontra-se “bem”. De acordo com o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, citado pelo Le Parisien, o soldado irá regressar à sua unidade ainda esta noite. Le Drian explicou que o militar tentou subjugar o atacante mas que, não sendo possível, se viu obrigado a disparar sobre eles.

O incidente aconteceu cerca das 10h (9h em Lisboa) e foi inicialmente avançado pela RTL. Pouco tempo depois, foi confirmado pelo Ministério do Interior francês através do Twitter. “Incidente grave de segurança pública no centro de Paris no bairro do Louvre, prioridade de intervenção das forças de segurança e socorro”, informou o Ministério. Foi enviada uma equipa de deteção de explosivos, que não encontrou nenhum objeto suspeito no local nem nas mochilas do agressor.

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O Museu do Louvre e as galerias comerciais foram fechados pelas autoridades, obrigando os visitantes a permaneceram no local. Cerca de mil pessoas, na sua maioria turistas, foram confinados e a polícia estabeleceu um perímetro de segurança, impedindo que alguém saísse do edifício.

No Twitter, o editor da edição chinesa do Financial Times, Wang Feng, publicou imagens enviadas por “amigos” que se encontravam dentro do Louvre na altura do incidente. “Pediram aos turistas para se sentarem no chão em corredores [que foram] trancados dentro do Louvre”, escreveu.

Por volta das 12h15 (11h15 em Lisboa), os visitantes começaram a ser retirados, operação que decorreu sem incidentes. O Museu do Louvre permanece fechado e só voltará a abrir no sábado, anunciou a ministra da Cultura, Audrey Azoulay, que visitou o local do incidente. A estação de metro Palais Royal — Musée du Louvre, na linha 7, também foi encerrada. Voltou a abrir porta às 11h30 (10h29 em Lisboa).

Está marcada uma conferência de imprensa para as 20h30 (21h30 em Lisboa) com o procurador de Paris, François Molins, que divulgará mais informações sobre o ataque.

Atacante já terá sido identificado

De acordo com o Le Parisien, o atacante tinha nacionalidade egípcia e foi identificado como sendo Abdallah E-H. Nascido em 1988, Abdallah chegou a Paris a 26 de janeiro, vindo do Dubai, com um visto válido até 5 de fevereiro. Estava hospedado num apart-hótel na Rua Ponthieu, onde decorreu buscas durante a tarde desta sexta-feira.

Terá sido identificado graças a informações encontradas no seu telefone, apreendido durante a sua detenção, e a recibos encontrados no interior de uma das mochilas. As autoridades estão a tentar verificar se foi mesmo Abdallah que tentou entrar à força no Louvre.

A jornalista Stéphane Kovacs, do Le Figaro, publicou na sua conta de Twitter uma imagem onde se pode ver o responsável pelo incidente deitado no chão, depois de ter sido atingido. A fotografia original foi feita por uma guia turística chinesa, que estava naquele momento com um grupo de 34 turistas também daquela nacionalidade.

Um “ataque com características terroristas”

O primeiro-ministro francês, Bernard Cazeneuve, falou de um “ataque com características terroristas“. Frase que foi repetida já durante a tarde pelo Presidente francês. Elogiando a “coragem e determinação” dos militares, François Hollande realçou a eficácia da operação anti-terrorista “Sentinelle”, em curso desde os atentados ao jornal Charlie Hebdo.

“Foi capaz de prevenir um ato que, sem dúvida, tem características terroristas. Ela continua a existir e temos de lidar com isso”, disse Hollande, citado pela BFMTV.

Após os atentados de janeiro de 2015 contra o jornal satírico, o Exército francês mobilizou entre sete a dez mil homens em permanência em vários pontos do território nacional. O militar que ficou ferido fazia parte do contingente destacado nesta operação de segurança.

François Hollande já tinha elogiado ao final da manhã, através da sua conta oficial no Twitter, “a coragem e a determinação demonstrada pelos militares esta manhã no Carrousel du Louvre”.

Em comunicado, o ministro do Interior, Bruno Le Roux, saudou o “sangue frio e o profissionalismo dos militares e polícias que permitiram neutralizar imediatamente o indivíduo armado, tudo enquanto protegeram os funcionários e os visitantes presentes”. Pierre-Henry Brandet, porta-voz do Ministério do Interior, disse que já está uma investigação em curso e que um ataque contra militares ou outros agentes das autoridades é um ataque contra “símbolos franceses”.

Também o Presidente dos EUA, Donald Trump, comentou este caso. “Um novo terrorista radical islamita acabou de atacar o Museu do Louvre em Paris. Os turistas ficaram fechados. França está novamente no limite“, escreveu no Twitter, deixando de seguida um apelo ao país que agora lidera. “GET SMART”, disse, algo que pode ser traduzido, embora não literalmente, para algo como “abram os olhos”.