Apesar do desagrado que o conteúdo das mensagens de telemóvel (SMS) trocadas entre Mário Centeno e António Domingues causou, o Presidente da República mantém-se irredutível na confiança ao ministro das Finanças. “Os SMS não mudarão a minha posição sobre o ministro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa ao Expresso.

Já durante o dia de ontem, o Presidente da República fez questão de afirmar, mais do que uma vez, de que dava o caso “por encerrado”, numa tentativa de aliviar a tensão no caso da Caixa, e de que não tinha nada mais a acrescentar. E que, quando escreveu a nota oficial sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o fez conhecendo “todos os elementos fundamentais”. Uma nota, recorde-se, em que Marcelo referia ter aceite a posição do primeiro-ministro de manter a confiança no ministro da Finanças, Mário Centeno, “atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira”.

As SMS trocadas entre o ministro e o banqueiro ainda não são totalmente conhecidas, mas várias notícias dão hoje conta de que Marcelo saberia do acordo entre os dois responsáveis e que isso estaria implícito em algumas mensagens. Uma informação que Belém nega, como noticia o DN na sua edição de hoje. “O Presidente da República mil vezes perguntou ao primeiro-ministro se havia algum acordo para isentar a administração da Caixa Geral de Depósitos da entrega das declarações de património e rendimentos no Tribunal Constitucional e mil vezes o primeiro-ministro lhe respondeu que não”, de acordo a resposta de Belém ao jornal.

O conteúdo de algumas mensagens é também revelado pelo Correio da Manhã na sua edição de hoje. De acordo com o jornal, Marcelo terá cedido ao Governo ao deixar cair a alteração ao Estatuto do Gestor Público, uma referência clara à obrigatoriedade da entrega das declarações de rendimentos e património por parte dos gestores da CGD. Conta o CM que a primeira mensagem, enviada no início de junho, por Centeno a Domingues, referia que Marcelo “queria muito” que ficasse “expresso na lei” a entrega das declarações. E que o presidente teria sido sempre atualizado do evoluir das negociações pelo primeiro-ministro.

Já num segundo SMS, enviado poucos dias depois pelo ministro, o discurso muda ligeiramente e deixa implícito que o António Costa convencera Marcelo Rebelo de Sousa a abdicar da inscrição da exigência da entrega das declarações na alteração ao Estatuto do Gestor Público. O CM sabe que no segundo SMS Centeno relata a Domingues que “o problema da entrega das declarações desapareceu”, conta o CM. O jornal refere ainda que o Presidente teve conhecimento destes dois SMS em que é visado no último domingo, depois de uma conversa com Lobo Xavier. Só depois disso Marcelo decidiu chamar Centeno a Belém.

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