O trânsito foi reaberto às 13h00 desta segunda-feira na rua Damasceno Monteiro, em Lisboa, onde a queda de um muro provocou de madrugada um deslizamento de terras e levou à retirada de 27 moradores de quatro edifícios. No local, a Lusa constatou ainda que o perímetro de segurança foi reduzido e apenas abrangia àquela hora os quatro prédios afetados.

Os moradores dos números 102 e 104, no entanto, já podem regressar às suas casas, exceto os do rés-do-chão, confirmou o vereador da Proteção Civil da Câmara de Lisboa, ao início da tarde. Os residentes do rés-do-chão e os moradores dos três outros prédios, entre os números 106 e 110 da mesma rua, vão ter entrevistas com a Proteção Civil da Câmara para avaliar se podem ficar com familiares ou se têm de ser realojados pelos serviços do município, indicou o vereador Carlos Castro.

Foi cerca de seis horas depois da queda do muro que se retiraram 27 pessoas de edifícios na Rua Damasceno Monteiro, em Lisboa, uma vez que se continuava a verificar pequenos deslizamentos de terra no local, constatou a Lusa. O deslizamento na zona do Intendente, em Lisboa, provocou esta segunda-feira danos em quatro edifícios de habitação e levou à retirada de 27 pessoas, confirmaram os Bombeiros Sapadores de Lisboa à agência Lusa.

Ao Observador, os Sapadores de Lisboa adiantaram ainda que o deslizamento aconteceu por volta das 5h46 “na parte de trás de três edifícios de habitação na Rua Damasceno Monteiro. Na sequência do incidente, uma pessoa sofreu ferimentos ligeiros e dois prédios sofreram danos estruturais”. De acordo com a mesma fonte, o deslizamento afetou três prédios (do número 106 ao 108), tendo dois deles (o 106 e o 108) sofrido a consequente queda do muro do condomínio Vila da Graça, no bairro Estrela d’Oiro. O trânsito mantém-se esta manhã cortado em toda a rua. A eletricidade, a água e o gás dos quatro prédios (com quatro pisos, entre rés—do-chão e terceiro andar) também foram já cortados, assistiu a Lusa no local. O muro que cedeu está a cerca de cinco metros de uma piscina exterior construída no condomínio privado.

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“Na sequência do incidente, tivemos um ferido ligeiro, que não necessitou de deslocação ao hospital”, disse Carlos Castro, vereador da Proteção Civil da Câmara de Lisboa.

Segundo vários moradores, entre os quais Helena Santana, a única que aceitou ser identificada, há algum tempo que os moradores alertam para o problema, tendo verificado também rachas no muro, que veem das suas janelas das traseiras. Entretanto, o vereador da Proteção Civil da Câmara de Lisboa, Carlos Castro, reconheceu que o muro — cujo proprietário desconhece – terá de ser reconstruído.

“Terá que ser feita uma nova intervenção nesta área, mediante aquilo que é necessário para garantir segurança e para que as pessoas possam regressar”, afirmou, adiantando não saber se o regresso dos moradores às suas casas está para breve ou não. O vereador assegurou, contudo, que a Proteção Civil municipal está a trabalhar para o caso de os afetados terem de ser realojados. Questionado sobre se o problema terá tido origem na piscina do condomínio, Carlos Castro considerou que “não vale a pena estar com especulações”, referindo não saber se a piscina está posicionada no local onde se verificou o aluimento. “O que importa é ter uma análise técnica concreta do que se passou”, disse.

Sobre a possibilidade de o aluimento continuar, Carlos Castro disse não ter conhecimentos de engenharia que o possam confirmar, garantindo, no entanto, que os engenheiros da Câmara estão a analisar a situação. O deslizamento provocou danos nos quatro edifícios de habitação.

Os Sapadores de Bombeiros adiantaram que no local estão já elementos da proteção civil para analisar a situação e proceder ao realojamento dos 27 moradores retirados dos três edifícios. No local, estão também três viaturas dos Sapadores de Bombeiros, uma ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), elementos da proteção civil e da polícia municipal.

À RTP um dos moradores contou que despertaram com a ideia de se tratar de um terramoto. Confirmou também que estragos maiores verificam -se nas traseiras dos prédios. Ao todo foram quatro os prédios evacuados, mas dois apenas por precaução. Os estragos materiais são visíveis em três do prédios. Vários moradores encontram-se na rua, à espera da confirmação das autoridades para poderem regressar às suas habitações. Sem saberem, no entanto, se podem voltar em definitivo ou só para recolher alguns bens materiais.

Os bombeiros em trabalhos junto aos prédios afetados

As autoridades estão a fazer uma “análise técnica” aos edifícios afetados para verificar se há condições para o regresso dos moradores às casas, disse o vereador da Proteção Civil. Em declarações à agência Lusa, perto das 09h00, Carlos Castro adiantou que a Proteção Civil municipal e o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa estão a fazer essa análise aos edifícios afetados.

“Estamos a aguardar pela análise mais técnica em termos de edificado para ver se há condições ou não de as pessoas voltarem aos edifícios”, disse à Lusa o vereador.

A Lusa constatou no local haver alguns moradores a observar os trabalhos dos bombeiros cobertos com mantas vermelhas. Ismael, um dos moradores do número 106, disse à Lusa que, por volta das 05h30/05h40, sentiu um abalo muito forte durante um período muito curto e quando foi à janela reparou que as garagens estavam rebentadas e que do chão parecia sair fumo. “Quando a minha mulher foi à janela das traseiras, viu que o muro que nos separa do condomínio que há na Graça tinha ruído e as terras avançaram em direção ao nosso edifício”, contou.

Outro morador, João (que também não quis dar o apelido), contou que sentiu um tremor por volta das 06h00, seguido de muito barulho, e pensou que fosse o rebentamento de gás num prédio próximo. “A polícia foi muito rápida a chegar ao local e ajudou os moradores a saírem de casa”, disse. O morador considera muito estranho este deslizamento ter ocorrido agora, pois não tem chovido.

“Tem havido inspeções, não sei o que se terá passado, dá ideia de que foi construída uma piscina do outro lado e pode ter havido alguma infiltração que amoleceu as terras e fez pressão ao muro”, disse.

As causas do deslizamento de terras ainda estão por apurar.