José Maria Aznar não tem dúvidas: a sua melhor fotografia foi tirada nos Açores. A revelação foi feita no programa Mi casa es la tuya, conduzido por Bertín Osborne e transmitido no canal de televisão espanhol Telecinco.

A imagem em causa foi tirada em março de 2003 durante o encontro polémico com o antigo presidente dos EUA, George W. Bush, Tony Blair e Durão Barroso, nos Açores, durante o qual foi decidida a intervenção militar no Iraque, iniciada apenas quatro dias depois, na madrugada de 20 de março. “Nunca tive uma fotografia melhor do que a dos Açores”, afirmou o ex-primeiro-ministro espanhol, sublinhando que a fotografia expressa os valores que considera serem os da política atlântica — liberdade, democracia e tolerância.

Na base da decisão tomada na Cimeira das Lajes estava a possibilidade — que muitos consideravam credível — de os iraquianos terem em sua posse armas de destruição em massa. No final da reunião, que aconteceu na Terceira, Bush lançou um ultimato a Saddam Husseim: “Ou o Iraque se desarma ou é desarmado pela força”. Mais tarde, esta hipótese veio a mostrar-se infundada, como reconheceram um ano depois todos os protagonistas da Cimeira das Lajes. A essa respeito, Aznar disse que “havia armas que depois não apareceram”, mas que isso era “outra questão”.

Sobra a sua participação no encontro, o antigo governante, que ocupou o cargo de primeiro-ministro de Espanha entre 1996 e 2004, afirmou que o que fez, fez pelo interesse nacional. “Pelo interesse nacional, vou aos Açores e à Patagónia. Vou onde for preciso”, insistiu. Considerando que foi difícil decidir uma intervenção militar no Iraque, questionou a necessidade de intervir na Síria. “As decisões custam, mas às vezes são absolutamente inevitáveis e a segurança e a liberdade têm o seu preço”, disse.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Apesar de ter afastado a hipótese de um dia voltar à vida política, Aznar admitiu ter saudades. “Todos os dias sou mordido pelo bicho. Quem guiou um Fórmula 1 tem comichão todos os dias”, disse durante a entrevista, citado pelo El Español. “Perpetuar uma coisa não é bom. Perguntam-me todos os dias e a resposta continua a ser a mesma. Há uma música muito boa chamada ‘No volveré'”, dos Gipsy Kings.

No início do programa, o entrevistador, Bertín Osborne, deixou claro que a entrevista pretendia mostrar quem era José Maria Aznar enquanto pessoa. Por essa razão, uma boa parte da entrevista foi dedicada à sua vida pessoal. Sem constrangimentos, o ex-primeiro-ministro espanhol falou da infância e juventude, da mulher, Ana Botella (com quem casou oito meses depois de se terem conhecido) e da sua paixão por futebol que o fez, por momentos, ponderar a hipótese de se tornar jogador.

Não há nenhuma fotografia melhor que a dos Açores? Espanhóis discordam

Apesar de José Maria Aznar acreditar que não tem nenhuma fotografia melhor do que a que tirou nos Açores na companhia de Bush, Blair e Durão Barroso, os espanhóis discordam. Assim que a entrevista foi para o ar, o Twitter encheu-se de imagens do ex-governante que muitos acreditam estar ao nível da famosa fotografia tirada na Terceira.