A Chanel está a vender um boomerang como um acessório da pré-coleção de primavera/verão deste ano. O artigo está a causar polémica nas redes sociais e a gerar críticas por parte dos indígenas australianos. A marca de luxo francesa foi acusada de apropriação cultural e desrespeito.
A polémica teve origem em Jeffree Star, cantor, modelo e maquilhador norte-americano, que também tem uma marca de cosméticos, na sua página do Twitter. Mas o artigo não é um objecto novo para muitas marcas: a Chanel vende boomerangs desde 2006 e outras marcas, como a Hérmes, também já incluíram este artigo nas suas coleções, assegura o The Sidney Morning Herald. Para além disso, da coleção da marca de luxo fazem também parte bolas e raquetes de ténis, raquetes de praia e uma prancha de paddle, com valores entre os 520 e os 4,4 mil euros.
https://twitter.com/JeffreeStar/status/864230022805995520
Jeffree Star partilhou uma fotografia sua na passada segunda-feira, com a descrição: “A divertir-me imenso com o meu novo boomerang da Chanel”. Para além dos milhares de gostos e re-tweets, a publicação de Jeffree Star teve vários comentários com críticas negativas e acusações de apropriação e ofensas à cultura indígena da Austrália.
If #Chanel can brand a #boomerang and sell it for $2,000.
There is no limits when it comes to #promo #items! #australia #bulksale pic.twitter.com/Kw0PeTt8G7
— Promotional Items AU (@promoitemsau) May 16, 2017
Trata-se de um objeto de cor preta, feito de madeira e resina normais, mas o icónico logótipo da Chanel estampado no boomerang faz com que custe dois mil dólares (cerca de 1,8 mil euros). Entre os arborígenes, o boomerang é, mais do que um instrumento de defesa, um símbolo da cultura.
Ter uma marca de luxo a investir, a apropriar e a vender as nossas tecnologias e lucrar com nossas culturas para uma quantidade absurda de dinheiro é ridículo e doloroso. Se Chanel quiser respeitar verdadeiramente as culturas indígenas, em primeiro lugar, deve começar por descontinuar este produto e emitir um pedido de desculpas”, disse Nayuka Gorrie, ativista e escritora ao The Guardian Australia.
Para além das ofensas, alguns utilizadores do Twitter questionaram a utilidade e o preço do objeto. Nathan Sentance, oficial de projeto aborígene no Museu Australiano alertou para o facto do boomerang da Chanel custar “quase 10% da renda média dos australianos indígenas”. Sentance realçou ainda o facto do objeto da marca de luxo mostrar como a sociedade ocidental subestima a cultura indígena australiana.
A marca garantiu à mesma fonte que está “extremamente empenhada em respeitar todas as culturas e lamenta que alguns possam ter se sentido ofendidos”.