Um grupo de especialistas portugueses vai estar em Nampula e na Beira, Moçambique, entre 10 e 15 de julho, para concluir um projeto iniciado em fevereiro de formação de alunos de medicina na área da cirurgia pediátrica, soube-se esta quinta-feira. A formação é promovida pela Health4Moz, uma Organização Não Governamental (ONG) de Desenvolvimento criada em 2013 no Porto para apoiar a formação de docentes em Moçambique, disse à agência Lusa a presidente, Carla Rego.

Tendo como parceiros o Centro Académico Clínico ICBAS-CHP, o Serviço de Cirurgia Pediátrica do Centro Maternoinfantil do Norte e a Universidade do Porto – Departamento de E-Learning, a Health4Moz iniciou em fevereiro “uma formação ministrada por médicos portugueses que permitirá colmatar a falta de formação na área da cirurgia pediátrica naquele país”.

A ONGD já colabora há quatro anos com Moçambique em diversas formações, num total de 11 missões. Num balanço desse trabalho, Carla Rego frisou que as “formações são gratuitas, sempre em regime de voluntariado, procurando ir ao encontro do que as faculdades locais precisam, do que o Ministério da Saúde de Moçambique pede e da parceria entre as Ordens do Médicos de ambos os países, para formação em determinadas áreas”.

Das 11 missões executadas desde 2013, a responsável destaca a “solidariedade” das entidades parceiras que, “sem qualquer custo, libertam os seus profissionais” para o trabalho a desenvolver naquele país enquanto o financiamento para as viagens surge da sociedade civil, em que “um grupo de beneméritos se junta à Fundação Calouste Gulbenkian e ao Instituto Camões”.

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“Este ano as novidades são a formação em sistema e-learning, com o ensino teórico à distância, e o facto de versar a cirurgia pediátrica, disciplina que não faz parte do currículo em Moçambique. Assim, pela primeira vez estamos a dar ferramentas a docentes e a alunos sobre uma matéria que nunca fora lecionada”, explicou à Lusa Carla Rego.

Sobre o método de ensino à distância, a também médica pediatra explicou que “foi criada uma plataforma que permitiu aos cerca de 60 alunos moçambicanos registados ter acesso a oito módulos preparados por dois colegas do Centro Hospitalar do Porto e do Instituto de Ciências Abel Salazar (ICBAS)”.

“Uma vez descarregados para os respetivos computadores, os alunos puderam estudar para a avaliação que surgiu sempre entre dois módulos e, assim, avançar para o seguinte, evitando uma elevada exposição à internet que, em África, tem menor qualidade”, descreveu.

Na primeira fase da atual formação, concluída a 27 de maio, os alunos “ganharam condições para preencher depois um inquérito sobre qual é a patologia mais frequente em África e, assim, adequar o ensino ainda mais à sua realidade”, explicou a presidente da Health4Moz.

Em julho, em Nampula e na Beira, os alunos terão as aulas práticas com 11 especialistas, “nomeadamente sobre tudo aquilo que implica técnicas de cirurgia em África, melhorando a sua capacidade de intervenção em áreas como o diagnóstico, abordagem, intervenção, tratamento e prognóstico da patologia que requer cirurgia pediátrica”, disse. “O que vamos fazer é uma formação muito básica na cirurgia pediátrica, o que fazer e não fazer perante um determinado diagnóstico, e ensinar as boas práticas”, acrescentou Carla Rego.