Não há dúvidas de que o digital está a mudar o mundo em todas as áreas da vida. Hoje em dia há mais informação, mais auto-conhecimento, mais auto-projeção e, com isso, também mais responsabilidade. Quem o diz é Inês Santos Lima, Industry Manager da Google em Portugal e que falou com o Observador sobre beleza, o digital e o que procuram as mulheres.

“O maior impacto que as redes sociais trouxeram nos últimos 10 anos foi o crescimento de uma cultura de partilha e de recomendação. Os especialistas de beleza deixaram de ser as únicas referências e os chamados role models também deixaram de ser apenas modelos ou estrelas de entretenimento. No fundo, houve uma democratização da beleza”, diz Inês, dando destaque ao YouTube e à dimensão que os vídeos em formato de tutoriais ganharam. O impacto deste universo foi tão grande que, em janeiro deste ano, houve um aumento das pesquisas associadas a beleza no YouTube, chegando a ultrapassar a música ou mesmo o futebol.

Qual a relação das mulheres com a Internet?

Já em fevereiro, nas Beauty Talks organizadas pela Vichy Portugal, Inês Santos Lima apresentou um perfil digital da mulher portuguesa: 80% vai diariamente à Internet (em comparação com 86% dos homens) e 27% usa-a através dos telefones ou tablet (os homens ficam-se nos 20%). As redes sociais e os vídeos são as atividades que mais fazemos em mobile (52% e 38% respetiviamente) e as pesquisas relacionadas com “saúde” são quase tão populares como “turismo”, sendo que “beleza” ultrapassa as pesquisas de “carros” ou “eletrónica”.

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Se, lá fora, muitas YouTubers acabaram por se tornar simplesmente celebridades – como a britânica Zoella (com 11 milhões de subscritores), a brasileira Camila Coelho (com três milhões de subscritores) ou a americana Michelle Phan (com oito milhões de subscritores), o fenómeno por cá também seguiu o mesmo caminho e viu nascer jovens gurus da beleza que, nos dias de hoje, são pequenas estrelas nas redes sociais portuguesas. É o exemplo de Inês Rochinha (com 165 mil subscritores), SofiaBBeauty (com 190 mil subscritores), Helena Coelho (com 64 mil subscritores) ou ainda Maria Vaidosa (com 159 mil subscritores).

E a verdade é que estas novas “celebridades” acabam por influenciar o mercado. Ao termos acesso a informações um pouco de todo o mundo, acabamos por criar pressão no próprio mercado português para responder ao que nós — consumidoras — vemos lá fora e também queremos ter acesso. Um bom exemplo que Inês Santos Lima dá é a procura pelas chamadas madeixas californianas: “Foi uma tendência curta mas curiosa, uma vez que, na altura, não existia essa oferta por parte das marcas no nosso mercado.”

A Industry Manager da Google em Portugal adianta outros dados curiosos: “Uma tendência muito forte nas pesquisas em Portugal, e que reflete a nossa relação com o Brasil, foi sem dúvida o [verniz] ‘gelinho’, algo que por exemplo não se verificou em outros países europeus. Por fim, a tendência mais sólida que se verifica neste momento, e que tem vindo a crescer de forma exponencial e ainda sem dar sinais de abrandar, é a procura por cabelos curtos” — da qual até já tínhamos falado aqui.

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O impacto do digital nas portuguesas

Inês Santos Lima clarifica os números: a beleza tem vindo a ganhar uma dimensão cada vez maior no digital. Falamos de um aumento de 55% em mobile e 325 milhões de minutos vistos no YouTube em 2016, com 50% do conteúdo a ser sobre maquilhagem e 23% sobre cuidados de cabelo. Quando se analisam os principais motivos da utilização do YouTube, 62% quer aprender qualquer coisa, 49% procura inspiração, 29% procura entretenimento, 28% quer conhecer novos produtos de beleza, 20% quer mudar a sua rotina diária e 17% procura esta rede em ocasiões especiais.

Relativamente aos benefícios que a beleza no digital trouxe, os dados são interessantes: 45% diz que tem acesso a conselhos e ideias sobre novos produtos para comprar, 39% sente que faz parte de uma comunidade, 30% beneficia dos tutoriais de beleza, 25% destaca a possibilidade de se ver o processo da maquilhagem do início ao fim, 23% gosta das discussões e trocas de ideias que se podem ter com outras pessoas e 16% diz sentir-se mais confiante.

Na fotogaleria, em cima, veja aquilo que mais andamos a pesquisar na Internet.