Um homem morreu na sexta-feira, na cidade da Praia, por causa da malária, tornando-se no primeiro óbito provocado pela doença na capital cabo-verdiana.

A informação foi avançada este sábado à agência Lusa pelo diretor do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo (PNLP) de Cabo Verde, António Moreira, indicando que se trata do caso de um autóctone, de um homem de 40 anos, do bairro do Paiol.

António Moreira disse que o homem não resistiu porque além de apresentar antecedentes de alcoolismo, de depressão, entre outras complicações, demorou muito tempo para chegar ao hospital.

O responsável salientou, porém, que se trata de um caso único, já que o que se tem constatado é que as pessoas têm-se dirigido às estruturas de saúde ao primeiro sintoma, o que permite diagnosticar a doença mais cedo.

O homem foi a enterrar ao início da tarde deste sábado no cemitério da Várzea, um dos bairros da capital cabo-verdiana com mais casos de malária, que até sexta-feira contabilizava 207 em todo o país, a quase totalidade na Praia, onde já é considerada epidemia pela autoridades.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O homem foi a enterrar no mesmo dia em que a Câmara Municipal da Praia realizou mais uma campanha de limpeza em diferentes bairros para eliminar focos de mosquitos, demolir pardieiros, remover carcaças das ruas e sensibilizar a população.

Na quinta-feira, o Governo cabo-verdiano aprovou uma verba de emergência de 58 milhões de escudos (526 mil euros) para reforçar o combate à doença provocada pela picada do mosquito Anopheles fêmea.

O ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, especificou que o valor servirá para contratar mais 45 elementos para a luta antivetorial, aquisição de material, inseticida e mais meios de transporte, sobretudo para a capital do país.

A malária, ou paludismo, ainda sem vacina, é uma doença “instável”, de transmissão sazonal, cujo maior período vai de julho a dezembro, toda a população é vulnerável, mas tem baixo risco de epidemia.

Em janeiro, Cabo Verde foi distinguido pela Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) com o prémio Excelência 2017, pelos resultados alcançados no combate à doença, sendo o único país africano em fase de pré-eliminação.

Arlindo do Rosário disse que o Governo vai “fazer tudo” para eliminar a doença do país até 2020, mas para isso espera contar com a colaboração das Câmaras Municipais, das ONG e de toda a população cabo-verdiana.

No início do mês, um homem de nacionalidade estrangeira morreu em São Vicente, após ter chegado doente à ilha, que contava com alguns casos, mas todos importados.