A decisão do Presidente Donald Trump de restringir a entrada de venezuelanos aos EUA está a causar apreensão entre os lusodescendentes na Venezuela principalmente os que não têm dupla nacionalidade e que possuem investimentos e propriedades em Miami.
“Tenho ido, frequentemente aos EUA, sobretudo a Miami, mas também a Orlando e a Nova Iorque, tenho lá algumas propriedades que comprei, uma casa que alugo e estou apreensivo, surpreendido, porque sou uma pessoa que trabalha e muito, e que acreditava que os meus investimentos estariam garantidos lá”, disse um lusodescendente à Agência Lusa. Firmino Ferreira, 39 anos, diz-se “dececionado” e considera que “o mundo está ficando incompreensível”.
Por outro lado, José Manuel Bettencourt, 40 anos, ficou “abananado” com a notícia, mas espera que ainda possa ir aos EUA, “de tempos a tempos, como tenho feito até agora”, antes que o passaporte venezuelano caduque.
“Vou com frequência aos EUA a cada seis meses, há pouco comprei casa e tenho alguns investimentos. O meu passaporte, com visto, está em vigor até começos de 2019. Espero que até lá as coisas tenham evoluído positivamente”, disse o emigrante que tem dupla nacionalidade mas não tem os papeis portugueses em ordem.
Além disso, a sua mulher é apenas venezuelana. “Temos um menino e uma menina que queríamos que estudassem nos EUA, porque achámos que teriam uma educação com qualidade, mas agora anunciam isto e nem sabemos que pensar, estamos apreensivos e com um sonho quase desfeito”, disse.
A Agência Lusa contactou vários dirigentes associativos e membros da comunidade portuguesa na Venezuela. Nos contactos, os dirigentes da comunidade admitem que as medidas migratórias norte-americanas possam afetar lusodescendentes, mas ainda é cedo para medir a dimensão das consequências.
O Presidente dos EUA, Donald Trump assinou, domingo, um decreto com restrições para a entrada de cidadãos de oito países, Chade, Irão, Líbia, Coreia do Norte, Somália, Síria, Venezuela e o Iémen. As restrições vão de proibição total até condicionantes mais direcionadas e entram em vigor a 18 de outubro. Em resultado deste decreto, os vistos válidos não serão renovados.
Donald Trump vai restringir entrada de cidadãos de oito países nos EUA
No caso da Venezuela as restrições estão dirigidas contra empregados públicos e familiares diretos, especificamente os relacionados com os ministérios de Relações Interiores e Exteriores, assim como do Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Imigração, do organismo policial Corpo de Investigação Científica, Penal e Criminalísta (CICPC) e do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços secretos).