Cabo Verde terá que “acelerar e correr muito” para alcançar a meta de 7% de crescimento económico, considera o Presidente da República cabo-verdiano, classificando a meta como “muito otimista”, mas dificilmente atingível no mandato do Governo.

“Se estamos em 3,8% (2016) e vamos para 5,5% (estimativa do governo para 2018), para chegarmos aos 7% em 2021 é preciso correr muito, acelerar muito, trabalhar muito e é, sobretudo, preciso mais rigor, mais disciplina. Sem rigor, não chegamos lá”, disse Jorge Carlos Fonseca.

O chefe de Estado cabo-verdiano falava, na cidade da Praia, durante um encontro com jornalistas, para marcar o primeiro ano do seu segundo mandato presidencial, que se assinalou a 20 de outubro.

O atual executivo cabo-verdiano estabeleceu, ainda em campanha eleitoral, como meta para o crescimento económico do país 7% em média anual, tendo, entretanto, apontado a meta para o final do mandato em 2021, contrariado as previsões das instituições internacionais (FMI, BM) que estimam um crescimento a rondar os 4%.

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Jorge Carlos Fonseca disse hoje ver as previsões do executivo como “muito otimistas, mas não muito facilmente atingíveis no prazo deste mandato”.

“É positivo que o país tenha passado de uma taxa de crescimento de 1% para 3,8% (2016) ou possa vir para os 5,5% em 2018. Seria ótimo se chegasse aos 7%. Não sou economista, mas parece-me que é um pouco mais difícil atingir essa meta do que se terá pensado na altura em que o Governo começou a funcionar”, disse.

“Vai exigir um ‘upgrade’ da capacidade de crescimento da economia do país muito forte, sólido e acelerado para se atingir essa meta. Estou cá para ver”, reforçou.

Para o chefe de Estado, a receita para o crescimento do país leva a “políticas mais clarividentes, lúcidas e concretas de incentivo aos empresários e ao emprego jovem”, a que se juntam capacidade de “atração do investimento direto estrangeiro, alargamento do espetro das parcerias internacionais” e uma “administração pública mais eficiente e mais dedicada ao serviço público”.

É preciso mais rigor e mais disciplina em tudo, a começar pelas pequenas coisas, sustentou.

“Um país em que se pode urinar tranquilamente na via pública, havendo normas que sancionam isso, e ninguém age, não avança muito. Porque se não somos rigorosos nas pequenas coisas, dificilmente seremos rigorosos no combate ao crime organizado e outras questões maiores”, disse.

Para Jorge Carlos Fonseca, um dos problemas de Cabo Verde é padecer do “mal do discurso”.

“Discursamos muito, levamos muito tempo entre pensar e decidir e levamos uma eternidade entre a decisão e a execução. Temos que ser mais práticos e executar mais rapidamente”, disse.

Jorge Carlos Fonseca tomou posse a 20 de outubro de 2016 para um segundo mandato como Presidente da República de Cabo Verde, tendo sido reeleito com o apoio do partido do Governo, o Movimento para a Democracia (MpD).