O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, prometeu este domingo que o Partido Popular da Catalunha (PPC) será “construtivo” para alcançar pactos após as eleições regionais de quinta-feira, mas sempre “a favor de Espanha” “e dos interesses” dos cidadãos.

Num comício de apoio ao candidato do PPC ao governo regional catalão, Xavier García Albiol, em Salou, Tarragona, Rajoy insistiu que o voto “verdadeiramente útil” é no seu partido, que, sublinhou, foi quem aplicou o artigo 155.º da Constituição, que limitou a autonomia da Catalunha.

O primeiro-ministro espanhol apelou ao voto no PPC para “abrir uma etapa de segurança, certezas e tranquilidade” na Catalunha, que permita à região voltar a “liderar” a recuperação económica.

O líder do PP insistiu que o processo independentista catalão prejudicou “muito” a economia regional, que sofreu uma “evidente contração” nos últimos meses.

Rajoy argumentou que após as eleições do próximo dia 21, “nada se poderá construir” sem os deputados popular, referindo que Albiol deixará claro, com todos com quem falar, que em qualquer acordo defenderá a lei, a Constituição e a unidade de Espanha.

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Por seu turno, Albiol comentou que o ex-chefe da Generalitat, Carles Puigdemont, “teve de ir para mil quilómetros de distância da Catalunha porque tem medo” de Rajoy.

A quatro dias das eleições, o partido Cidadãos — que as sondagens mais recentes colocam em primeiro lugar — apelou hoje ao voto dos indecisos e dos eleitores do Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), para promover “uma mudança” na região de forma a superar a etapa nacionalista e para “assegurar o acordo” entre formações constitucionalista (pró-unidade de Espanha).

Numa ação de campanha em L’Hospitalet de Llobregat, que, segundo a formação, reuniu mais de 5.000 pessoas -, a candidata à presidência da Generalitat, Inés Arrimadas, e o líder do partido, Albert Rivera, voltaram a apelar ao voto, argumentando que a vitória nas eleições pode depender de “um punhado de votos”, pelo que pediram “que ninguém fique em casa neste momento tão relevante”.

“Precisamos de uma nova etapa política para todos os catalães, na qual os problemas reais estejam no centro da política, e que a política se faça pensando que nas pessoas e não nos territórios”, disse Arrimadas.

Em Barcelona, o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sanchéz, pediu que o “voto útil” seja concentrado no candidato do PSC à Generalitat, Miquel Iceta, afirmando que a Catalunha precisa da sua “mão esquerda” para acabar com o “conflito e crispação” e para abrir uma era de “diálogo, pacto, concórdia e reconciliação”.

Ao lado do antigo presidente do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e do antigo líder do Parlamento Europeu Josep Borrell, em Barcelona, num comício perante mais de 5.000 apoiantes, Sánchez defendeu que “o único voto das esquerdas é socialista”.

Na próxima quinta-feira, o voto não deve ser “de vingança, ou de rancor”, mas de “ânimo para uma mudança que una, porque a tarefa do próximo ‘president’ será de unir tudo o que o independentismo rompeu, como a economia e a convivência”.

As eleições regionais de 21 de dezembro foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, em 27 de outubro passado, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont, no âmbito da aplicação do artigo 155.º da Constituição.

Várias sondagens publicadas esta sexta-feira indicam que os partidos constitucionalistas estão à frente nas intenções de voto, mas os independentistas ganham em número de lugares, sem nenhum dos blocos ter maioria absoluta.

O partido Cidadãos (constitucionalista, direita liberal) aparece nos estudos de opinião como o mais votado (23-25%), seguido de perto pela Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista, esquerda moderada, 20-23%) que poderia eleger mais deputados, porque a lei eleitoral dá mais peso a províncias dominadas pelos independentistas.

Os partidos separatistas ganharam as últimas eleições regionais, em 2015, com 72 deputados, num total de 135 no parlamento regional, o que lhes permitiu formar um Governo que organizou um referendo de autodeterminação em 01 de outubro último, que foi considerado ilegal pelo Estado espanhol.