O governo liderado por António Costa está “muito refém” dos seus aliados de esquerda, o Partido Comunista (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE), mas pode beneficiar de “condições únicas” na próxima legislatura para se libertar dessa dependência. Estas são algumas das convicções que, num tom crítico, o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) defendeu numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença.
Uma situação, explica António Saraiva, que se tem traduzido em medidas negociadas pela esquerda e em mais que podem estar em curso. Ainda assim, acredita que, quem liderar o Partido Social Democrata (PSD) a partir de janeiro, deve estar preparado para libertar o governo da dependência que tem dos partidos alinhados à esquerda.
O país ganharia se o atual Governo tivesse na sua direita parlamentar algum apoio diferente, mais construtivo, mais assertivo, do que aquele que tem tido. O atual PSD tem sido ausente e errático na sua política. A nova liderança do PSD poderia trazer, em termos parlamentares, em geometria variável nesta ou naquela medida, um apoio a medidas que este Governo possa lançar.”
Para o líder dos patrões, o país continua a precisar de reformas, mas ela só serão possíveis com uma “ampla maioria parlamentar”. Mas, afirma, isso não passa, “necessariamente, por um bloco central”, mas sim por um apoio parlamentar “que permita que o país se liberte de algumas grilhetas e que se façam as reformas que, até agora, lamentavelmente, não foram possíveis”.