Marques Mendes, comentador da SIC e ex-presidente do PSD, é absolutamente contra qualquer tipo de negócio que envolva a Santa Casa da Misericórdia com a banca. “Meter dinheiro que é dos pobres nos bancos é uma verdadeira aventura”, disse o comentador. Uma aventura que, segundo Mendes, é “própria de um investidor privado e não de uma organização social”. Marques Mendes não tem dúvidas de que a situação “vai acabar num inquérito parlamentar e numa investigação judicial”.
No seu comentário habitual na SIC, este domingo, o antigo líder do PSD criticou a ideia da Santa Casa entrar no capital de um banco, mesmo um como o Montepio, que é uma associação mutualista. “O negócio da banca é um negócio arriscado”, relembrou, sublinhando que, como provaram os escândalos do BPN e do BES, nos últimos anos revelou ser “quase um suicídio”. Para Luís Marques Mendes, a situação é incompreensível: “Um Governo de esquerda autoriza isto?”, questiona de forma retórica.
Quanto ao valor do negócio, o comentador teve palavras ainda mais duras para se referir aos valores do negócio que têm sido mencionados na imprensa — 200 milhões de euros por 10% do capital do banco, como noticiou o Jornal Económico em dezembro.
A concretizar-se, Marques Mendes não tem dúvidas de que a situação “vai acabar num inquérito parlamentar e numa investigação judicial”, já que considera que o Montepio não tem um valor de mercado de 2 mil milhões de euros — o valor que a compra de 10% do capital por 200 milhões de euros pressupõe.
“É legítimo que o dono peça, mas não é legítimo que o comprador dê 200 milhões por 10%”, diz. “Se isso acontecer, os responsáveis da Santa Casa podem ser suspeitos de gestão danosa“, afirmou, de forma perentória.
Défice abaixo dos 1,3%
No mesmo comentário, Marques Mendes também anunciou que o valor do défice de 2017 deverá ter ficado nos 1,2% e que o rácio da dívida pública face ao PIB terá ficado em 126,2%.
Os números de Mendes coincidem com os que já tinham sido previstos pelo primeiro-ministro, António Costa. Em dezembro, Costa anunciou que em 2017 o país teria um défice “inferior a 1,3%” e um rácio da dívida de 126,2%.